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‘-CAFÉ: ENGENHEIROS DA FUNDAÇÃO PROCAFÉ COMENTAM EFEITOS DA SECA NAS PLANTAS

27 de maio de 2014
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SAFRAS (27) – Os engenheiros agrônomos da Fundação Procafé J. B.
Matiello, S.R. de Almeida e R. N. Paiva escreveram um artigo a respeito da
observação dos efeitos da seca nos grãos de café. Segue, abaixo, a íntegra
do texto, divulgado pela Rede Social do Café:

“A estiagem que atingiu fortemente a maioria das regiões cafeeiras,
produtoras de café arábica no Brasil, em janeiro e fevereiro de 2014, trouxe
algumas lições para nós.
Muitas das consequências esperadas aconteceram no curto prazo,
destacando-se – a redução do crescimento nas plantas (dos ramos, folhas e
frutos), o baixo enchimento dos frutos – causando chochamento, má
granação, grãos negros e ardidos (perda de peso e de qualidade), a
escaldadura e queda de folhas, a seca de ramos, o aumento de pragas e doenças
(broca, bicho mineiro, ácaros e cercospora), e o aumento na queda de frutos.
Outras implicações do déficit hídrico ainda vão ser expressas a médio
prazo. A principal sequela é representada pelo menor crescimento dos ramos,
significando menor número de nós e menos rosetas para a floração na safra
2015. Também, a maior desfolha, a seca de ramos e o depauperamento das plantas
vão provocar menor pegamento da próxima florada. Existe, ainda, suspeita de
que pode ter havido algo de prejudicial sobre a indução floral e danos em
raízes finas, o que parece menos problemático, em vista da melhoria das
condições de chuva em março e abril. De todo modo, a sequência de chuvas,
ainda neste ciclo agrícola, de modo a abastecer a reserva do solo, evitando
déficits acumulados superiores a 100 mm, é que vai ter bastante influência
sobre o resultado residual da falta de chuvas do inicio do ano.
Estes dois grupos de efeitos da seca fazem parte do nosso conhecimento. No
entanto, outras consequências foram observadas, pela primeira vez, e aqui são
relatadas.
Vimos que muitos dos frutos chochos ou mal granados tendem a aumentar o seu
tamanho, na fase em seguida à seca, talvez por não terem mais a necessidade
de crescimento das suas sementes. Ainda, estes frutos passam a apresentar uma
casca mais grossa. Observamos, também, que os frutos mal granados, ao
amadurecerem, não trocam a coloração da casca, externamente, em toda sua
extensão, como ocorre normalmente. Eles trocam a cor, para vermelho ou amarelo,
em parte do fruto e a outra ainda fica verde.
Verificações ainda em análise mostram que diferentes variedades de café
responderam distintamente ao déficit. Algumas foram mais sensíveis e outras
muito menos. Isto tem a ver com a genética da planta, e, também, com a época
de maturação dos frutos. Parece, a principio, que plantas de maturação mais
tardia foram mais prejudicadas, quanto ao chochamento dos frutos. Por outro
lado, frutos de floradas mais tardias, na mesma planta, tenderam a ser menos
prejudicados na sua granação”.

(CS)

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