SAFRAS (23) – “Sou o homem mais odiado pelos intermediários”, disse o
produtor hondurenho Roberto Salazar, que há 15 anos acreditou na necessidade de
unir os pequenos produtores de café da região ocidente de Honduras.
“Nascemos em um momento em que a crise do café estava muito acentuada”,
disse ele, que é gerente da Cooperativa Cafeeira Ecológica La Labor Ocotepeque
(Cocafelol).
Hoje, isso não somente permitiu superar os momentos mais desafiadores, mas
também, permitiu que o café hondurenho cruzasse fronteiras e se
internacionalizasse. “No começo, foi muito difícil, porque as pessoas não
acreditavam no café de Honduras”, disse ele. Uma realidade que tinha
fundamento: “Nessa época, o produto era misturado e a consistência na
xícara não era boa”. Após vários anos de trabalho, no entanto, a
cooperativa conseguiu o reconhecimento e a magia que acompanham uma boa xícara
de café.
O êxito de seu trabalho é percebido no número de países que hoje
desejam ter na mesa o café da Cocafelol. “Exportamos aos Estados Unidos,
Canadá, Inglaterra, Alemanha, Holanda, Suíça, França e Itália”. A
cooperativa vende 80% de seu café ao exterior.
A qualidade do café do Ocidente é reconhecida em todo o país. “É um
café com sabor achocolatado, floral e doce”, disse o administrador de Aruco,
outra cooperativa situada no município de Corquín, distrito de Copán, Elmer
López. “Seus atributos se devem à terra nessa região e ao clima fresco”,
disse ele, após explicar que nessa região se planta café de altitude e em
regiões baixas.
Esse último, de menor qualidade, é consumido pela maioria das pessoas que
vivem na região. Isso explica seu nome: Café Tradição do Povo. As outras
duas marcas da cooperativa podem ser encontradas no exterior. “Atualmente, há
empresas dos Estados Unidos que nos dizem que querem diretamente nosso
café”, disse Elmer.
Melhorar a qualidade do café não é o único objetivo das cooperativas. A
principal razão de sua existência está, sobretudo, nos pequenos produtores
rurais. Pessoas como Fidencio Aguirre, de Labor (distrito de Ocotepeque), que
antes de se associar, vendia café a um vizinho. “Era um grande problema,
porque até cheque sem fundo me davam”.
Fidencio sabe que é um felizardo. “Sonhei em ter um lotezinho de café
desde que era criança e meus pais lutavam por um pedaço de terra ao lado de
casa”. Sua fazenda é uma das maiores da região atualmente, com 8 manzanas
(11,35 hectares). “A maioria dos produtores tem um quarto de manzana (0,35
hectares). São parcelas que tem passado de geração em geração”, disse
López, que agrega que muitas famílias dependem exclusivamente desse produto.
“Trazermos o café aqui é benéfico, porque assim podem vender seu produto
mais caro”. Como no caso da Cocafelol, a luta de Aruco tem sido se distanciar
dos intermediários.
“O sentido da cooperativa é estabelecer nexos de solidariedade”, disse
o vice-presidente da Cocabel, outra associação de produtores localizada em
Belén (distrito de Lempira), Augusto Amaya. “Os produtores se sentem
estimulados quando conseguem vender o café e receber um preço justo”.
Muitos deles têm visto melhorar seu produto graças ao apoio do projeto de
Competitividade Rural (Comrural), iniciativa do Governo de Honduras que
financia o Banco Mundial, entre outros órgãos. “O objetivo é poder
potencializar a produtividade e a competitividade dos pequenos produtores
rurais, um dos setores mais vulneráveis e que, por sua vez, podem aportar ao
desenvolvimento de Honduras”, disse o responsável pelo projeto no Banco
Mundial, Norman Piccioni.
Juntos, os produtores de café podem enfrentar melhor as dificuldades, como
a praga da ferrugem, que levou a uma queda das exportações hondurenhas de
café de 24,7% nos primeiros oito meses da colheita de 2013/2014, com relação
ao mesmo período da temporada anterior, segundo o Instituto Hondurenho de Café
(Ihcafé).
“Entre 2011 e 2012, alguns produtores dessa zona perderam até 90% de
suas colheitas”, disse um dos técnicos que trabalha na região de Belén
apoiando os produtores a combater essa praga, bem como identificar as
deficiências nutricionais da planta de café, Gerson Paz. O objetivo é
melhorar sua qualidade. Uma luta que compartilha também Roberto Salazar. “O
segredo é mudar a atitude do produtor, capacitá-los”, explicou o gerente da
Cocafelol.
Defensor dos cultivos orgânicos, Roberto está convencido de que muitos
produtores antes não pensavam em termos de qualidade. Com seus esforços, tanto
dentro como fora do país, hoje, se sente satisfeito de que o café hondurenho
se abra cada vez mais aos mercados internacionais. Já não é o café misturado
de que tanto se duvidava, mas sim, um café que tem descoberto seu orgulho. As
informações são do Estrategia y Negócios, divulgadas pelo CaféPoint.
(CS)
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 22/11/2024 17:50