CÂMBIO: Percepção de risco por dúvidas com ajuste fiscal segue e dólar sobe

Porto Alegre, 03 de março de 2015 – O dólar comercial opera em alta de
0,48%, a R$ 2,9090, em meio ao ressurgimento de dúvidas sobre qual será o grau
de liberdade do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para aplicar as medidas de
ajuste fiscal prometidas pelo governo.

Na semana passada, Levy alterou a desoneração da folha de pagamentos
instituída por seu antecessor, Guido Mantega, aumentando as alíquotas de
contribuição à Previdência das empresas beneficiadas. Ele também disse que
o programa, da forma como estava, não havia atingido os objetivos previstos.

A presidente da República, Dilma Rousseff, criticou o tom dos comentários
feitos por Levy e afirmou que se a desoneração não fosse importante teria
sido eliminada. Os comentários geraram desconfiança em relação ao grau de
independência que o governo concederá ao ministro para sanar as contas
públicas.

“A situação econômica e política do País gera muita insegurança
entre os investidores locais e estrangeiros. No âmbito econômico, agentes
locais devem continuar testando a disposição do BC [Banco Central] para deixar
o dólar mais livre, já que […] Levy se mostrou claramente contrário ao
controle cambial via leilões”, afirma João Paulo Corrêa, gerente de câmbio
da Correparti Corretora, em relatório.

Ainda de acordo com ele, este é um momento em que o Brasil precisa mostrar
“união e esforço conjunto para sair da crise para os agentes estrangeiros e
agências de risco”, situação que fica ameaçada pelas incertezas do lado
político e econômico no País.

“Levy se reúne esta semana com os representantes da S&P [Standard &
Poor’s] e no fim do mês com integrantes da Fitch para convencê-los que o
País será capaz de conduzir as medidas de ajuste fiscal para evitar um
rebaixamento”, diz.

Segundo relatório da SulAmérica Investimentos, pesa sobre este início
dos negócios a percepção de “enfraquecimento político do governo”, o que
ajuda a manter entre agentes de mercado a leitura de que o risco ainda está
elevado. Com isso, aumenta a busca por proteção no dólar e, consequentemente,
o seu preço.

No mercado futuro, os contratos da moeda com vencimento em abril avançam
0,34%, a R$ 2.933,50, enquanto os com vencimento em maio sobem 0,57%, a R$
2.955,00. As informações são da Agência CMA.

Revisão: Cândida Schaedler / Agência SAFRAS

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