O Rio Grande do Sul volta a ser pioneiro no programa Campo Futuro. O estado foi o piloto na adoção do formato híbrido em 2019 em razão das restrições impostas pela pandemia. Agora, ele é o primeiro a retomar o formato totalmente presencial no programa que é uma parceria entre a CNA, Esalq-Cepea, Federações e Sindicatos Rurais. A rodada de colheita de dados ocorre entre 20 de maio e de junho em território gaúcho.
Os trabalhos serão iniciados em Carazinho com as culturas de soja, milho e trigo, e Cruz Alta, com as culturas de soja (sequeiro e irrigado), milho (sequeiro e irrigado) e trigo, ambos no dia 29 de maio. Na sequência, os painéis acontecem no dia 30 de maio, em Tupanciretã (trigo e soja), 31 de maio em Uruguaiana (arroz irrigado), em 1º de junho, Bagé (soja sequeiro e irrigado), encerrando em 2 de junho, em Camaquã (arroz e soja).
O economista da Farsul, Ruy Silveira, é responsável pelo programa no estado e destaca a importância da participação dos produtores nos painéis. “A relevância do levantamento ganha mais força em um ano de seca. Podemos aferir qual foi o resultado econômico para os produtores, uma ideia real do cenário”, afirma.
Silveira lembra que o resultado é base para o trabalho da Assessoria Econômica da Farsul. “É um trabalho muito importante porque nos fornece insumos para fazer nosso trabalho ao longo do ano como os índices de inflação de custos de inflação do agronegócio (IICP) e da produção de leite cru (ILC), por exemplo”, explica.
Outro ponto indicado pelo economista está nos estudos sobre o impacto das safras no próprio agronegócio e na economia estadual, além de ser a base para as apresentações realizadas pela equipe econômica ao longo do ano. “É um trabalho que nos dá suporte para termos uma noção econômica e financeira da realidade dos produtores de grãos”, descreve.
Os trabalhos do programa Campo Futuro no país foram iniciados em abril pelo Sistema CNA/ Senar. O objetivo é realizar um levantamento dos custos de produção de diversas atividades agropecuárias nos principais polos de produção em todo o País.
Para 2023 estão previstos 141 painéis que irão reunir informações sobre a realidade produtiva nas cinco regiões do Brasil. Os levantamentos dos custos em 2023 envolverão 128 municípios em 24 estados brasileiros. Os encontros ocorrerão tanto no formato presencial quanto no virtual e serão divididos da seguinte forma: cereais, fibras e oleaginosas (36); pecuária de corte (17); pecuária de leite (15); cana-de-açúcar (15); avicultura (7), suinocultura (5), cafeicultura (15); fruticultura (10); aquicultura (6); horticultura (7) e silvicultura (8).
Outro intuito do projeto é gerar informações e análises de mercado para o aprimorar a gestão rural, auxiliando o produtor na tomada de decisões no dia a dia na sua atividade, para que ele obtenha mais rentabilidade e controle das despesas e investimentos. “Conhecendo a realidade produtiva de cada região pesquisada, podemos identificar os coeficientes técnicos, econômicos e de gestão das atividades agropecuárias representativas na produção nacional e gerar informações para análises de mercado, prospecção de capacitações e estudos de políticas voltadas para aumento da eficiência e melhoria da competitividade do setor agropecuário”, explica o assessor técnico do Núcleo de Inteligência de Mercado da CNA, Thiago Rodrigues.
Farsul demonstra preocupação com próximo Plana Safra
Orçamento do ano já estava comprometido em março
A proximidade do anúncio do próximo Plano Safra tem gerado preocupação para a Farsul. O problema está no empenho dos recursos que já atingiram, praticamente, a totalidade do orçamento do ano já em março. O receio da Federação é que sejam anunciados números ilusórios que influenciem negativamente no planejamento dos produtores para o próximo período.
O economista-Chefe da Farsul, Antônio da Luz, informa quer os produtores estão reclamando de uma escassez de recursos muito forte para a tomada de crédito. “Eles têm razão e isso não é ao acaso, é a consequência de uma falta de recursos orçamentários. Aquele crédito rural que é uma parte controlada pelo governo, que, diga-se de passagem, é cada vez menor”, comenta.
Luz explica que existem diferentes linhas de crédito aos produtores, com variadas participações diretas pelo Governo Federal, mas que todas interferem no planejamento dos produtores. “Na parte controlada, o Governo Federal determina o nível de juros. É o caso do Pronaf que é controlado 100% pelo executivo. Seja a parte de custeio ou de investimento. Então, aos demais produtores é uma parte pequena que é controlada, mas existe”, destaca.
Para ter o controle, o governo necessita disponibilizar valores, seja em forma de juros ou em custos administrativos ou até mesmo ambos, no caso da agricultura familiar. Isso significa que o montante disponibilizado só será liberado se estiver incluído no orçamento federal. “Digamos que para cada R$ 100 milhões, o governo precisa ter R$ 1 milhão. Sendo assim, R$ 1 bi é tendo 10 milhões orçados. Se eu multiplico por 10 um lado, tem que fazer do outro. Mas, agora quero ir pra R$ 100 bi, então temos que multiplicar por 100 aquele valor. Ou seja, na medida que aumenta o recurso orçamentário, é que aumenta o valor do dinheiro disponibilizado. A menos que eu anuncie um valor que eu não tenha recurso orçamentário”, diz o economista.
Ele lembra que isso foi o que aconteceu em 2015 durante a gestão da ministra Kátia Abreu à frente da pasta da agricultura. “O governo anunciou um valor absurdo, o qual não tinha a menor chance de ser executado, e aí se abriu uma boca de jacaré (modelo gráfico) entre o anunciado versus, efetivamente, o tomado, que só foi fechado na gestão da ministra Tereza Cristina”, lembra.
A consequência foi uma série de anúncios não concretizados até restabelecer, lembra Luz. “Isso gera uma série de transtornos. Porque, o Plano Safra, por menor que ele seja, ele cria expectativas”, ressalta. O problema, conforme o economista da Farsul, é que a partir do anúncio do Plano Safra, os produtores passam a fazer o planejamento para o período. As pessoas tomam decisões empresariais que elas têm na frente. Se o governo não trabalha dentro da realidade orçamentária, elas tendem a tomar decisões equivocadas. É um crédito livre que eu deixo de pegar, por exemplo. Se eu sei que não vai ter recursos e aparece um crédito de 14 %, 15%, eu pego. Porque é pior eu ficar esperando o de 10% ou de 12% e ele não vir e eu acabar com um de 20% depois. O governo, quando anuncia um valor que não existe, atrapalha o setor, prejudica o processo decisório”, alerta.
E aí que reside a preocupação da Farsul. O orçamento federal e o Plano Safra não andam alinhados. Enquanto a previsão orçamentária cobre de 1 de janeiro a 31 de dezembro do mesmo ano, o Plano Safra é direcionado ao período de 1 de julho de um ano até o dia 30 de julho do subsequente. “Se são os recursos orçamentários que determinam o tamanho dos recursos controlados, nós temos que nos preocupar. Olhando para os custeios para demais produtores, em março, já tínhamos 98% dos recursos empenhados. No investimento, 93% e o custeio do Pronaf 98%. Só que acontece o seguinte, esse dinheiro tem que chegar até dezembro”, alerta Luz e continua. “Então, o que o governo precisa refletir que se não houver uma reconfiguração orçamentária até o final deste Plano Safra, provavelmente, já em abril, tenha sido consumido todo o recurso do ano inteiro. Se não houver o remanejo, o próximo plana safra será um mero anúncio, um cheque sem fundo. Ele só poderá ter na segunda metade do Plano Safra que começa em primeiro de janeiro do ano que vem. Só que aí nós já estamos com a safra 2024 plantada”, enfatiza.
O economista ressalta a importância da transparência em relação ao orçamento e ao Plano Safra. “Se o governo não tem recurso para tocar esse negócio e ele baixa os juros é pior. Porque é aí mesmo que o banco não opera, ninguém trabalha de graça. Então, nós temos que ter cuidado para que as bravatas não prejudiquem de novo o processo decisório do produtor. Porque é melhor a honestidade e a seriedade de dizer que não tem, mas, o produtor saber exatamente o que está disponível para que ele possa se programar, do que ele perder bons créditos livres a espera de um ótimo que não vai virá e termine ficando com o ruim”, conclui.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 14/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 2.006,67Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 73,00Preço base - Integração
Atualizado em: 07/11/2024 17:50