Porto Alegre, 24 de março de 2015 – O crescimento da renda e da
população fará com que o consumo de carne aumente no mundo, principalmente em
países em desenvolvimento, na Ásia e na América Latina. A conclusão está
no Agricultural Outlook publicado pela FAO (Organização das Nações Unidas
para Alimentação e Agricultura) e pela OECD (Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico). Porém, existe a crença de que a pecuária usa
espaço demais e também emite muitos gases de efeito estufa pelo que entrega.
Mas, de acordo com o diretor-executivo da ABIEC (Associação Brasileira
das Indústrias Exportadoras de Carne), Fernando Sampaio, a pecuária não é o
problema e sim uma aliada na solução destes problemas. Ele explica que a
pecuária é capaz de transformar biomassa não comestível em um alimento de
altíssimo valor nutricional, além de poder ocupar terras que não são
adequadas à agricultura.
“A criação de animais é essencial para a vida de cerca de um bilhão
de pessoas no mundo. Pastagens podem ser enormes sumidouros de carbono. O
próprio índice usado para converter metano em equivalente carbono tem sido
contestado por pesquisadores do porte de Gylvan Meira Filho, do Instituto de
Estudos Avançados da USP e ex-vice-presidente do IPCC. A mudança neste índice
modificaria completamente a leitura da participação da pecuária nas
emissões globais”, afirma.
Novas tecnologias foram sendo incorporadas ao campo visando o aumento da
sua eficiência: melhoria genética; pastagens mais produtivas; inovações em
manejo sanitário e nutricional; integração entre lavoura, pecuária e
floresta. Para Sampaio, a produtividade sempre avançou na pecuária brasileira,
a reboque da inovação, e acelerou-se nos últimos 15 anos pela
estabilização da economia e pela inserção do país no mercado global de
proteína.
“Nesse período, a pecuária passou a reduzir a área que ocupa, e ainda
assim continua a aumentar sua produção. Entre os concorrentes, segundo estudo
da Faculdade de Zootecnia da Universidade de São Paulo, o Brasil foi o que mais
reduziu as emissões de metano para cada quilo de carne produzida nos últimos
20 anos, reflexo do aumento da eficiência. Ao mesmo tempo, um alimento antes
caro e escasso passou a ser acessível à imensa maioria da população
brasileira e a nossos clientes lá fora”, garante.
Vale ressaltar que tanto o setor público como o privado vem tomando
iniciativas visando o desenvolvimento de uma pecuária sustentável. Do lado
governamental, o novo Código Florestal e seus instrumentos, o CAR (Cadastro
Ambiental Rural) e o PRA (Programa de Regularização Ambiental) estão ajudando
a vencer o desafio da gestão territorial.
Já a indústria, representada pela ABIEC, por sua conta, assumiu a
responsabilidade de controlar sua cadeia de fornecimento, estabelecendo
critérios socioambientais na compra de gado e usando a mais avançada
geotecnologia para criar o maior monitoramento privado do mundo na origem de sua
matéria-prima, o que contribui diretamente para a redução do desmatamento na
Amazônia.
“Produzir mais com menos. É o que o Brasil tem feito. E este é um lema
que tem levado os diferentes atores envolvidos com a pecuária a trabalharem
juntos em busca de soluções para o grande desafio de conciliar produção,
preservação e mudanças climáticas”, destaca Sampaio.
Para o diretor-executivo, hoje existe um sistema agroindustrial que evolui
com o Brasil, assim como o Brasil evoluiu com a pecuária. Um sistema que criou
um modelo de desenvolvimento cada vez mais eficiente no uso de recursos naturais
e, portanto, cada vez mais capaz de associar produção à preservação. “A
recuperação de áreas degradadas prevista na lei ambiental brasileira, aliada
à eficiência no campo e à agroenergia, transformará o Brasil em credor no
mercado de carbono mundial, um líder no setor e um exemplo para o mundo. No
caminho do boi, os desafios existem, assim como existem iniciativas que querem
fazer da pecuária uma solução, e não simplesmente apontá-la como causa dos
problemas”, finaliza Sampaio.
Sobre a ABIEC
Criada em 1979, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de
Carnes (ABIEC) reúne 25 empresas do setor no país, responsáveis por 95% da
carne negociada para mercados internacionais. Sua criação foi uma resposta à
necessidade de uma atuação mais ativa no segmento de exportação de carne
bovina no Brasil, por meio da defesa dos interesses do setor, ampliação dos
esforços para redução de barreiras comerciais e promoção dos produtos
nacionais. Atualmente, o Brasil produz 10,2 milhões de toneladas de carne
bovina, 19,5% são negociados para dezenas de países em todo o mundo, seguindo
os mais rigorosos padrões de qualidade. Na última década, o país registrou
crescimento de 185% no valor de suas exportações, atingindo o recorde
histórico de US$ 7,2 bilhões em faturamento em 2014 e consolidando a posição
de maior exportador mundial de carne bovina.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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