Porto Alegre, 11 de dezembro de 2018 – Os suinocultores acenderam seus
sinais de alerta com as reviravoltas da atividade em 2018. Em um ano marcado por
solavancos no mercado interno e nas exportações, preços de grãos em alta e
do suíno vivo em queda e a paralisação dos caminhoneiros que impactou
diretamente na produção, a cadeia agora se recupera de forma lenta com
perspectivas de encerrar o período com quase o mesmo volume exportado em 2017.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos
(ABCS), Marcelo Lopes, este ano desafiou o produtor de diversas maneiras. Além
da pressão do bloqueio do mercado russo, iniciado em novembro de 2017 e
encerrado no final de outubro de 2018, que impactou de forma direta nas
exportações e também no baixo preço do suíno vivo devido a sua elevada
oferta de carne no mercado interno, o suinocultor precisou de adaptar a uma nova
realidade de custo de grãos, que corresponde a aproximadamente 70% do valor da
produção.
Exportações
De acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e
Serviços (MDIC), em relação ao mesmo período do ano anterior, o primeiro
semestre de 2018 foi marcado pela redução significativa dos volumes de carne
suína in natura embarcados (-18%) e, especialmente, pela queda nas receitas com
a exportação (-32%), consequência direta do embargo Russo que iniciou em
novembro de 2017.
A produção total de carne suína ao longo de 2018 praticamente se manteve
a mesma em relação ao ano anterior, mas a perda temporária do mercado russo,
que representava quase 40% das exportações, além da crise econômica
persistente no mercado doméstico, fez com que a elevada oferta de carne
pressionasse os preços para baixo. “Esta crise só não foi mais grave porque
ao longo do ano, especialmente no segundo semestre, China e Hong Kong aumentaram
significativamente a importação de nossa carne suína”, análise Lopes,
presidente da ABCS.
Segundo dados do MDIC, a recuperação de boa parte dos volumes exportados
no segundo semestre deve fazer com que o Brasil feche 2018 com quase o mesmo
volume exportado no ano de 2017. No acumulado de janeiro a novembro o déficit
em volume é de quase 8% (568 mil toneladas X 616 mil toneladas). Porém, no
mesmo período, foram perdidos mais de 400 milhões de dólares em receitas de
exportação em relação a 2017, o que representa uma queda ao redor de 27%.
A reabertura do mercado russo trouxe um alento para o ano que vem, porém,
a expectativa é que o volume exportado não seja tão significativo como no
passado, pois há fortes sinais de que este país esteja próximo da
autossuficiência na produção de carne suína. Além disso, até o momento,
ainda poucas empresas foram liberadas para voltar a exportar para aquele
destino.
Grãos
Como consequência da catastrófica paralisação dos caminhoneiros em
maio, o tabelamento dos fretes onerou as operações de logística e trouxe
incertezas para o mercado futuro de grãos, o que impactou também na redução
das exportações de milho esperadas. Porém, apesar da redução dos embarques
de milho, este grão ficou o ano inteiro com os preços pressionados para cima,
em função de quebra na segunda safra e também pelo fato de os produtores de
milho estarem capitalizados.
De acordo com dados do CEPEA, o preço do milho de 2018 esteve sempre mais
alto que 2017, enquanto o preço do suíno esteve mais baixo em relação ao ano
passado, ou seja, 2018 foi um ano de maior custo de produção e menor preço
de venda em relação ao ano anterior, o que determinou margens financeiras
pequenas, e até negativas, durante vários meses.
A perspectiva de retomada do crescimento da economia brasileira e a boa
expectativa com relação à safra 2018/19 de grãos, com o plantio da segunda
safra dentro da “janela” climática ideal dá novo ânimo aos suinocultores.
Peste Suína Clássica (PSC)
De acordo com Lopes, o Brasil vem fazendo um excelente trabalho de
melhorias quanto à biosseguridade nas granjas, e é privilegiado em termos de
status sanitário, mas é preciso trabalhar continuamente em parceria com o
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e demais parceiros
institucionais para manter o nosso rebanho protegido. Desde setembro deste ano,
foram identificados focos de PSC no estado do Ceará.
Ele explica que, como o estado não faz parte da zona livre de PSC, não
houve prejuízo às exportações. Importantes ações de controle e
eliminação dos focos de PSC estão sendo feito pelo Serviço Veterinário
Oficial, mantendo o alinhamento com a Organização Mundial da Saúde Animal
(OIE). “Essa ocorrência de focos no território brasileiro nos obriga a
redobrarmos os cuidados relacionados a biosseguridade dos sistemas de produção
e o trânsito de caminhões para a zona não livre, e assim evitar a entrada do
vírus da PSC em outras regiões”, esclarece.
Perspectivas para 2019
Apesar do próximo ano aparentar reservar um futuro mais otimista para o
suinocultor, é preciso atenção em 2019. O presidente da ABCS pondera a
importância de se estar sempre alerta ao panorama geral para a tomada de
decisões sobre questões decisivas da atividade, tais como o momento de comprar
grãos, a que preço negociar os insumos e até mesmo a possibilidade de
ampliação ou redução do próprio rebanho.
“Estamos confiantes com a expectativa de retomada do crescimento do PIB do
Brasil, que deverá impactar positivamente no mercado interno de carnes, além
da reabertura das exportações para a Rússia, ainda que em patamares mais
baixos do que estávamos acostumados. Mas precisamos estar atentos a todos os
fatores que influenciam diretamente no rendimento da nossa atividade e isso
exige de nós uma visão estratégica”, afirma Lopes.
Outras expectativas para 2019 que podem beneficiar o produtor brasileiro
são o aumento da demanda chinesa por carne suína em função da redução do
rebanho determinada pela disseminação da Peste Suína Africana no país; a
manutenção da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que poderá
aumentar ainda mais a demanda pela carne brasileira, que pode superar a marca de
700 mil toneladas exportadas, feito só realizado no ano de 2016. Porém, este
cenário também exige atenção, pois também pode aumentar a compra de soja
pelo país asiático, pressionando para cima o preço deste grão.
Além disso, para o próximo ano é aguardado o julgamento do tabelamento
do frete no STF, com a possibilidade de reversão da obrigatoriedade da tabela.
Atualmente, o documento tem inibido as operações de marcado futuro e mesmo as
exportações, especialmente na região centro-oeste, cujas as distâncias são
maiores para os destinos mais frequentes. Com informações da assessoria de
imprensa da ABCS.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 06/06/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,37Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.725,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 67,50Preço base - Integração
Atualizado em: 05/06/2025 09:30