Porto Alegre, 13 de setembro de 2017 – Os acionistas da empresa JBS e o
mercado financeiro de modo geral foram os maiores prejudicados pelo crime
financeiro praticado pelos irmãos Wesley Batista e Joesley Batista, dirigentes
da empresa, de acordo com a Polícia Federal de São Paulo. Wesley foi preso
preventivamente hoje na capital paulista e Joesley teve prisão temporária
decretada na segunda-feira (11) e foi levado para Brasília.
De acordo com a Polícia Federal, Wesley fica preso em São Paulo por tempo
indeterminado. Já seu irmão, cuja previsão de libertação da prisão
temporária é sexta-feira (15), pode ser transferido para São Paulo, onde
cumprirá pena. Caso o Supremo Tribunal Federal determine prorrogação da sua
prisão ou a altere para preventiva, Joesley permanecerá em Brasília.
Informações privilegiadas
Os irmãos são acusados de se aproveitar da informação de que a
delação premiada de Joesley impactaria o mercado financeiro, com a
desvalorização das ações da JBS. Entre 24 de abril e 17 de maio deste ano,
foram divulgadas informações relacionadas ao acordo de colaboração premiada
firmado pela J&F com a Procuradoria-Geral da República.
Os investigados, que são alvos de seis operações da PF, venderam suas
ações da empresa, exceto a fatia de 42,5% que pertence a acionistas. Um
exemplo de acionista é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), do governo federal. A compradora das ações foi a FD Participações,
empresa integralmente de propriedade dos irmãos.
Foram vendidas 42 milhões de ações, no valor de R$ 372 milhões. Assim,
os dirigentes da JBS evitaram que o excesso de oferta desvalorizasse as ações.
Diluíram os prejuízos, com a desvalorização de 37% nos papéis, entre os
acionistas. Posteriormente, os papéis foram recomprados da FD pela JBS.
Essa operação da venda antecipada evitou prejuízo estimado em R$ 138
milhões. A forte queda no índice Bovespa também foi provocada pela manobra,
que abalou a confiança do mercado, o que é essencial para atrair investimentos
no país.
Valorização do dólar
Outra irregularidade apontada pela PF foi a compra de contratos futuros de
dólar, num total de mais de 2 bilhões de dólares, fazendo com que a JBS
ficasse em segundo lugar na compra de dólares no país. Um dia após a
divulgação da delação, houve valorização do dólar de 9%.
As ações de hoje fizeram parte da 2 fase da Operação Tendão de
Aquiles. Os mandados foram expedidos pela 6 Vara Criminal Federal de São Paulo,
a pedido da PF. Além das duas prisões, foram feitas buscas nas residências
dos investigados.
Os acusados poderão responder por crime de uso de informação relevante,
ainda não divulgada ao mercado, para propiciar vantagem indevida com valores
mobiliários. As penas variam de um a cinco anos de prisão e multa de até
três vezes o valor da vantagem ilícita obtida.
Em nota, a defesa dos irmãos Batista lamenta a ação. “Sobre a prisão
dos irmãos Batista, no inquérito é injusta, absurda e lamentável a prisão
preventiva de alguém que sempre esteve à disposição da Justiça, prestou
depoimentos e apresentou todos os documentos requeridos. O Estado brasileiro usa
de todos os meios para promover uma vingança contra aqueles que colaboraram
com a Justiça”. Com informações da Agência Brasil.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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