Porto Alegre, 8 de novembro de 2017 – Em nota oficial divulgada à
imprensa, a Associação Brasileira de Angus vem a público manifestar sua
posição sobre o projeto de retirada da vacinação contra a febre aftosa. A
Angus entende que a suspensão da imunização seria um ótimo caminho se
houvesse condições de realizar o processo sem risco ao rebanho bovino
brasileiro. Contudo, frente ao atual cenário político e econômico nacional, a
associação manifesta-se contrária à iniciativa tendo em vista os motivos
expostos abaixo:
– O Brasil atravessa um período de crise econômica com recessão e falta de
recursos públicos para investimentos básicos, como saúde e segurança
pública. Desta forma, é difícil acreditar que haverá suplementação de
verba para viabilizar todo o controle necessário para garantir o cumprimento
das regras de trânsito de animais conforme determina a legislação em caso de
retirada da vacinação. Vigilância que se torna ainda mais frágil se
considerarmos as imensas fronteiras secas existentes entre o Brasil e os demais
países do Mercosul.
– Retirar a vacinação nos moldes propostos é correr um risco enorme que não
trará grandes vantagens à pecuária nacional. O manejo do processo de
imunização já faz parte da rotina dos criatórios e sua supressão em muito
pouco reduzirá custos. Muito pelo contrário, colocará todo o rebanho sob
ameaça sem necessidade.
– A vacinação contra febre aftosa não tem impedido que a carne brasileira
atinja aos mais diversos mercados nos cinco continentes. Atualmente, há uma
demanda imensa pela nossa carne premium no exterior que nem mesmo consegue ser
atendida pela indústria nacional.
– Em caso de ocorrência de um foco da doença, a legislação prevê uso do
rifle sanitário e indenização dos animais sacrificados sem, porém,
considerar a existência de exemplares de valor zootécnico superior e,
consequentemente, sem o respectivo reembolso diferenciado. Desta forma, o
procedimento poderia ameaçar planteis de valor imensurável para a genética
Angus do Brasil, incluindo reprodutores que carregam consigo mais de 100 anos de
melhoramento da raça e adaptação ao país.
– A retirada da vacinação não é unanimidade dentro do Mercosul uma vez que
há consciência sobre as fragilidades a que os animais ficam expostos sem a
imunização.
– A retirada da vacinação como previsto pelo plano do Ministério da
Agricultura seria feita de forma escalonada e por regiões, o que não é bom
para as negociações internas da pecuária nacional. Tal processo dificultará
a circulação dos bovinos exatamente em um período em que a raça Angus está
se disseminando pelo Brasil com trânsito de terneiros e reprodutores.
Diante do exposto e, independente de nosso posicionamento, a Associação
Brasileira de Angus mantém-se disponível para a discussão do assunto,
colaborando para o desenvolvimento da pecuária nacional.
Diretoria – Associação Brasileira de Angus
As informações partem da assessoria de imprensa da Associação
Brasileira de Angus.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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