Porto Alegre, 5 de setembro de 2016 – A infestação do gado gaúcho com
carrapatos gera prejuízos milionários aos produtores do Rio Grande do Sul. É
o estado brasileiro que mais sofre com o problema, graças à tradição de
criar gado europeu. O combate ao carrapato foi tema do V Fórum de
Responsabilidade Técnica e Sanidade Animal, promovido pelo CRMV-RS e Sovergs na
Expointer. “As raças europeias são mais suscetíveis do que as
zebuínas”, explica o coordenador do fórum e vice-presidente do CRMV, José
Arthur Martins.
O controle estratégico é fundamental para combater o carrapato. Tratar os
bovinos com carrapaticidas apenas quando a infestação é visível é um erro
muito grave cometido pelos produtores. A informação é do médico veterinário
Endrigo Pradel que palestrou no fórum. “Quando tratamos neste período,
expomos grande número de carrapatos ao produto químico, gerando a seleção de
parasitas resistentes”, afirma Pradel.
O médico veterinário realizou um estudo sobre a resistência de
carrapatos aos acaricidas disponíveis no mercado. Atualmente o Brasil tem
registradas apenas seis classes de acaricidas para combate ao parasita e mais de
duzentas marcas comerciais. “Revezar estas marcas não significa trocar os
princípios ativos”, alerta. Ele completa informando que em caso de
infestação, apenas 5% dos carrapatos estão nos bovinos e os 95% restantes
estão no solo. Por isso, a estratégia adequada prevê banhos logo após o
inverno, período em que começa a recomposição das populações de carrapatos
a campo.
Enquanto a resistência aos acaricidas vem sendo um problema, o controle
alternativo do carrapato é uma realidade. Conforme a médica veterinária
Anelise Webster, que palestrou sobre o tema, existem várias possibilidades,
desde fungos, passando por extratos de larvas ou predadores naturais, como a
garça vaqueira, uma ave que se alimenta dos carrapatos que estão no solo ou
nos bovinos. “As possibilidades existem, mas dependem das condições de cada
propriedade. Além de ser uma solução para a resistência, também tem menor
impacto ambiental.”
O presidente do CRMV, Rodrigo Lorenzoni, destacou que a entidade é
parceira das iniciativas que propõem estudos e soluções para este grave
problema que atinge os rebanhos gaúchos. Uma destas iniciativas é o Grupo
Técnico de Combate ao Carrapato e Tristeza Parasitária Bovina, criado na
Secretaria da Agricultura, que prevê diversas ações para conscientizar
produtores e capacitar médicos veterinários para atuar neste tema. Com
informações da assessoria de imprensa.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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