Porto Alegre, 3 de outubro de 2016 – Os volumes das exportações de carnes
de aves e suínos estão bons, mas, os custos de produção estão
insuportáveis e, por isso, a rentabilidade do setor está próxima de zero. “A
crise aguda do milho” ainda não acabou, afirmou o presidente da Cooperativa
Central Aurora Alimentos e vice-presidente para assuntos do agronegócio da
Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) Mário Lanznaster.
Desde o início deste ano, o encarecimento do milho prejudicou
violentamente as maiores cadeias produtivas de Santa Catarina, causando pesados
e irreversíveis prejuízos à avicultura e à suinocultura. O grão encareceu
cerca de 50% e chegou a valer R$ 60,00 a saca de 60 kg.
O preço do milho no mercado brasileiro retirou a competitividade
internacional. Atualmente, recuou para R$ 41,00 e ainda impõe prejuízos aos
criadores e agroindústrias. Lanznaster mostra que o milho norte-americano custa
R$ 26,00 para quem produz frango e suíno naquele país e, se a importação
fosse autorizada, chegaria ao Brasil mais barato que o nacional.
O industrial lamenta que “o custo de produção está destruindo nossa
competitividade e ficou difícil disputar com os americanos que contam com milho
abundante e mais barato.” Reclama que a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTNBio) impediu a importação de milho dos Estados Unidos,
aguardada com expectativa para reduzir os preços do cereal, no mercado
doméstico.
Lanznaster estranha essa decisão porque há mais de 10 anos o Brasil
planta milho e soja transgênica e 90% das lavouras em solo brasileiro são
transgênicas. Assinala que “a decisão da CTNBio retarda uma importante
solução para a crise de abastecimento de milho no país e uma das
consequências é o encarecimento dos alimentos para a população”.
Mário Lanznaster mostra que o ritmo de crescimento em volume e receita tem
contribuído para equilibrar a oferta interna de produtos, mas, em termos de
resultados, a rentabilidade é quase zero.
O presidente da Aurora reconhece que houve uma pequena desaceleração na
produção de carne suína e de frango, o que reduziu um pouco a pressão sobre
o abastecimento de milho para as grandes cadeias produtivas, a partir do início
do segundo semestre – “mas, o problema permanece”.
Em 2016, de acordo com projeção da Associação Brasileira de Proteína
Animal (ABPA), a produção de carne de frango em 2016 deverá ficar em 13
milhões de toneladas (4% menor que as 13,5 milhões de toneladas previstas no
início deste ano) e a de carne suína, em 3,64 milhões de toneladas (inferior
à previsão de 3,76 milhões apresentadas em janeiro). Algumas indústrias
diminuíram o ritmo da produção com a suspensão de turnos de trabalho,
encerramento de atividades de plantas e outras decisões na esfera produtiva.
O dirigente acredita que a crise ameniza, porém, não desaparece no
próximo ano, apesar da importação de milho do Paraguai e da Argentina e do
bom desempenho da primeira safra no sul, que concentra 70% da produção de
carne de frango e 80% da produção de carne suína. Para os dois setores,
entretanto, é indispensável que seja viabilizada a importação de milho dos
Estados Unidos para o Brasil. As informações partem da assessoria de imprensa
da Cooperativa Central Aurora Alimentos.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 30/04/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,42Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.836,67Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 72,23Preço base - Integração
Atualizado em: 29/04/2025 09:50