Porto Alegre, 17 de agosto de 2021 – Em nota divulgada em seu site ontem
(16), o Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo-MT)
informou que o estado, maior produtor de carne bovina do país, corre o risco de
não ter gado suficiente para o abate. A declaração parte do presidente do
Sindicato, Paulo Bellincanta.
A arroba do boi, com atraso de anos, atingiu os patamares dos preços
internacionais e permanecerá neles. Este fato exigiu o ajuste no preço da
carne para o mercado interno, o que ocorreu de maneira muito rápida em um
momento em que a economia sofre com a realidade da pandemia.
“São hábitos e costumes enraizados em nossa cultura e que precisarão se
adaptar. A dura realidade da falta de matéria-prima tem trazido sérios
problemas para o setor. Soma-se à ociosidade, que tem batido recordes a cada
ano, o fator dos preços do produto final para o consumidor. O desequilíbrio
entre a exportação e o mercado interno tem provocado um desequilíbrio maior
ainda entre empresas exportadoras e não exportadoras”, afirma Bellincanta.
O presidente do sindicato aponta que, do outro lado do consumo está o
produtor do “boi”, concorrendo com o produtor de grãos que fatura 5 ou 6
vezes mais que ele e que não perde oportunidade de assedia-lo para alugar suas
terras.
“Ao longo de anos, o rebanho brasileiro veio se desgastando com o abate de
matrizes e novilhas redundando neste momento em uma grave diminuição de
oferta. Espera-se uma melhora do quadro uma vez que com preços melhores, muitas
destas matrizes antes destinadas ao abate começaram a ser novamente destinadas
à cria”, pontua Paulo.
Em meio a estes ajustes cíclicos do setor, agravados por contextos
externos, está a indústria frigorífica, e como outra qualquer com seus custos
fixos, normalmente altos, e depende de um grau mínimo de utilização para
cobrir essas despesas. As 33 indústrias frigoríficas instaladas em Mato Grosso
trabalharam em 2020 com apenas 58,57% de capacidade.
Do ano de 2018, os frigoríficos abateram cerca de 5.310.000 animais,
arrecadando R$ 297 milhões, saltando no ano de 2020 para R$ 432 milhões, com
apenas 5.126.000 animais abatidos.
Paulo explica que, “mesmo com a redução no número de abate, a
arrecadação aumentou em 45%, em decorrência dos preços maiores. Bons
números a serem comemorados, se não fossem os problemas que atingem a
indústria no estado”.
A falta da matéria prima traz uma concorrência entre as indústrias com
difícil solução no curto prazo. A indústria exportadora que vende em dólar
seus produtos tem uma margem de ajuste muito superior àqueles que dependem
apenas do mercado nacional. A volta da oferta, a níveis em que as empresas
retomassem sua capacidade instalada entre 75% a 80%, poderia tornar a
concorrência mais equilibrada.
“A realidade, porém, está muito distante e neste momento se faz urgente
uma ação governamental para amenizar e permitir que as pequenas empresas
atravessem este período sem danos maiores. Danos que poderiam atingir de
pecuaristas a trabalhadores. O Estado pode e cabe a ele a responsabilidade
social de auxiliar uma determinada atividade, atingida por fatores externos,
para que ela possa buscar novamente um equilíbrio. Evitar hoje uma quebradeira
em cadeia dominó é mais que uma opção, é uma urgência inteligente de quem
quer que o setor não tenha prejuízos irreversíveis”, alerta Bellincanta.
A maioria das empresas que não são exportadoras têm sua folha de
pagamento com valor abaixo do que é recolhido no ICMS. Levando em
consideração que a indústria frigorífica tem elevado número de
colaboradores, não seria normal esta situação.
A indústria frigorífica emprega hoje no estado 25.560 colaboradores
diretos e movimenta um número incontável de atividades paralelas. Algumas
cidades no interior têm no frigorífico sua maior renda e emprego, girando em
torno dele comunidades inteiras.
“Em muitos governos fomos chamados a sermos parceiros e nunca nos
ausentamos de nossas responsabilidades, desejamos que nosso pleito de ajuda não
seja visto apenas por meio de números em planilhas de gabinetes, mas que leve
em conta nossa história que se entrelaça ao setor pecuário de Mato Grosso”,
analisa Paulo Bellincanta. As informações partem do Sindifrigo-MT.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Atualizado em: 24/04/2025 09:50