Porto Alegre, 25 de junho de 2018 – Nos últimos dez anos, o número de
registros de bovinos da raça Brangus cresceu mais de 80% no Brasil, passando de
cerca de seis mil para 10.785 animais registrados, conforme a Associação
Brasileira de Brangus (ABB). O pesquisador da Embrapa Pecuária Sul (RS) Joal
Brazzale Leal acredita que o número está aquém da realidade observada no
País, já que muitos pecuaristas não registram seus animais. Reconhecida por
fornecer carne com gordura entremeada valorizada por mercados exigentes, a raça
encontra-se em franca expansão de norte a sul do País.
“A maior parte dos animais Brangus está nos rebanhos de produtores
comerciais, que são a grande maioria no País, e somente as cabanhas
especializadas em produzir animais com genética superior é que costumam
registrá-los nas suas respectivas associações”, detalha o cientista que
também preside o Conselho Técnico da ABB. Para ele, a expansão da raça
Brangus é fruto de esforço de pesquisa.
Mais de meio século no Brasil
Os primeiros experimentos para formação do Brangus, raça composta de
bovinos taurinos (Aberdeen Angus) com zebuínos (Nelore), no Brasil, começaram
no ano de 1946, no Sul do País. Leal conta que o empenho da Embrapa na
formação do rebanho-base e na organização da associação de criadores
desses animais foi fundamental, pois deu o suporte necessário à ampliação do
Brangus para outras regiões. Com o passar do tempo, a raça ganhou prestígio
entre pecuaristas de diferentes partes do Brasil e também por um nicho de
mercado formado por consumidores mais exigentes, ávidos por uma carne mais
marmorizada, macia e suculenta.
O desenvolvimento do Brangus uniu características das raças zebuínas,
como rusticidade, resistência a parasitas, tolerância às variações
climáticas e habilidade materna, com vantagens verificadas nos taurinos, como
qualidade da carne, precocidade sexual, elevado potencial materno e fertilidade.
“Além de produzir uma carne de qualidade, a habilidade materna, que é a
capacidade de criar bem seus bezerros até o desmame, é o ponto mais forte do
Brangus, como também, a menor suscetibilidade ao carrapato”, aponta Leal.
A maior parte do rebanho Brangus registrado ainda está no Rio Grande do
Sul, porém, a raça é vista desde o extremo sul até o extremo norte do País,
nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins e Pará. Desde o
início da ABB, até o ano de 2016, foram registrados 425 mil animais da raça,
explica a Superintendente do Serviço de Registro Genealógico da ABB, Renata
Pereira.
Aproveitamento de sêmens de Angus em Nelore
Esse crescimento do Brangus também pode ser percebido pelo fato de a raça
formadora Angus ter se tornado a principal raça de corte usada para
inseminação artificial no Brasil, predominante em 14 estados brasileiros,
pelos dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia). Com
isso, muitas vezes o sêmen é utilizado em vacas Nelore para aproveitar os
benefícios do melhor desempenho dos filhos em relação aos pais, utilizando o
melhor de cada raça (heterose).
Brangus tem mercado milionário
Segundo Joal Brazzale Leal, o Brangus tem gerado anualmente ao setor
produtivo centenas de milhões de reais. “Por ano, são vendidos cerca de dois
mil touros Brangus de, em média, R$ 8 mil cada, o que dá R$ 16 milhões. As
fêmeas, vendidas a R$ 3 mil por cabeça, são cerca de cinco mil, o que dá R$
15 milhões. Isso sem mencionar as incontáveis vendas particulares. Há ainda
que se adicionar à conta o processo do abate, do qual não se tem controle
exato, mas se estima em algumas centenas de milhões de reais”, aponta o
pesquisador.
Enquanto a soma de exportações de doses de sêmen de bovinos de corte no
Brasil (66.976), em 2014, caiu 25,6% em relação a 2013, as exportações de
sêmen da raça Brangus foram de 7.952. Isso representa um crescimento de 98,8%
nesse mesmo período, de acordo com a Asbia. A produção de sêmen total de
Brangus (pelagem preta) aumentou 32,5%, com um total de 99.004, e o Red Brangus
(pelagem vermelha) aumentou 166,6%, com total de 61.114 doses produzidas.
“A venda de sêmen Angus (mais de três milhões de doses) tem sido
majoritariamente utilizada para inseminar vacas zebuínas, em todo o Brasil,
gerando Brangus meio sangue. Fiz um cálculo estimado de que 70% de nascimentos
por meio dessa inseminação artificial nos daria de 700 mil a um milhão de
fêmeas Brangus meio sangue nascendo no País. Essas vacas podem ser usadas para
gado comercial ou para avançar em ganhos de geração para fazer registro”,
conta o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul Joal Brazzale Leal. As
informações partem da assessoria de imprensa da Embrapa Pecuária Sul.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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