Porto Alegre, 5 de novembro de 2021 – A tão esperada alta do preço pago
ao produtor do último trimestre não se concretizou ao longo de outubro e é
tímida no início de novembro. O descompasso entre oferta e procura frente a
uma crise econômica que resulta em queda do poder aquisitivo da população,
sem dúvida, é um dos fatores determinantes desta situação. A exportação de
carne suína in natura tem ajudado a enxugar o mercado; após recordes de
embarques em um só mês (setembro/21 com mais de 100 mil toneladas) e aumento
de mais de 15% (+ 113 mil toneladas) no acumulado de janeiro a outubro de 2021
em relação ao mesmo período do ano passado.
Porém, o preço da carne suína in natura exportada em outubro foi o menor
do ano em dólar, fechando em US$ 2.292,00 por tonelada. O maior preço
exportado foi atingido em junho, quando ultrapassou a marca de 2.600 dólares.
Mesmo com a desvalorização cambial dos últimos meses, esta queda de preço em
dólar fez com que o valor da carne exportada, em reais, se aproximasse muito
do valor da carcaça no mercado interno (SP), com um spread em outubro de pouco
mais de 17%, o menor do ano.
Cabe lembrar que mais de 90% da carne suína exportada é na forma de
cortes e menos de 1% como carcaças inteiras, ou seja, é evidente que a
atratividade da exportação caiu muito e certamente alguns exportadores estão
tendo prejuízo, mas ainda assim têm na venda externa uma válvula de escape
para não aumentar ainda mais a oferta interna e pressionar os preços para
baixo.
Voltando ao mercado interno, quando se analisa o comportamento dos preços
das três proteínas ao longo do ano, fica muito evidente que o frango e o boi
gordo mantiveram um viés de aumento ao longo do ano e que o preço da carcaça
suína ficou estável, com oscilações pequenas. No caso da carne bovina, o
recente embargo chinês fez com que houvesse um recuo significativo nos preços,
mas ainda assim os preços desta proteína continuam em patamares históricos
elevados, ainda “descolados” das demais carnes.
A oscilação do preço da carcaça suína, que obviamente reflete no
preço pago pelo suíno vivo, tem apresentado uma espécie de sazonalidade ao
longo do mês, com queda da procura (e do preço) na segunda quinzena. Este é
mais um sinal de que o poder aquisitivo do brasileiro, corroído pelo desemprego
e a inflação, impacta diretamente na demanda pela carne suína, naquela
máxima de que “o salário termina antes do mês”.
Historicamente, os meses de novembro e dezembro são de aumento de demanda
por carne suína. Baseado nisto, e na maior flexibilização das medidas
restritivas da pandemia, muito pelo avanço da vacinação e redução de casos
de covid 19, espera-se que o preço pago pelo suíno aumente nas próximas
semanas a valores nominais superiores ao que se praticou nos últimos meses.
Entretanto, pelos prejuízos acumulados ao longo do ano, o balanço financeiro
de 2021, para os suinocultores independentes deve fechar no vermelho.
Diante de tantos desafios para superar o desequilíbrio entre oferta e
demanda de carne suína, ao menos o custo de produção tem dado uma trégua nas
últimas semanas, com o recuo significativo do preço do milho, impulsionado
pela maior oferta decorrente da recente colheita e do cancelamento de
exportações. Em levantamento de custos realizado junto às afiliadas, a ABCS
identificou um aumento na relação de troca do preço do suíno vivo frente o
milho e farelo de soja; a média nacional indica que em outubro 1 kg de suíno
vivo comprava 4,72 kg de milho ou 3,07 kg de farelo de soja, sendo que a média
acumulada do ano é de 4,55 e 2,70 respectivamente.
Com a chegada das chuvas em momento adequado e em volumes satisfatórios, o
primeiro levantamento da CONAB referente a safra 2021/22, publicado em 08/10,
projeta safra recorde de milho para o ano que vem e um estoque de passagem para
janeiro próximo maior do que o estimado em levantamentos anteriores. Já na
primeira safra (verão), que historicamente produz ao redor de 25 milhões de
toneladas de milho, já se espera volume recorde, próximo a 30 milhões de
toneladas.
Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, o momento pede cautela e
otimismo. “Estamos fechando um ano de muitos desafios, mas também de muitas
conquistas para a suinocultura brasileira. O consumo de carne suína já vem
crescendo ao longo do ano e a demanda só tende a aumentar conforme nos
aproximamos das festas de fim de ano, assim como acontece tradicionalmente no
nosso país. Vamos nos manter atentos as oscilações de mercado e continuar
produzindo com excelência.” As informações partem da assessoria de imprensa
da ABCS.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Cotação semanal
Dados referentes a semana 01/08/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,07Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.640,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.400,00Milho Saca
R$ 68,25Preço base - Integração
Atualizado em: 05/08/2025 09:30