Barreiras sanitárias, excesso de oferta do produto, greve dos caminhoneiros e um prejuízo milionário – cenário conturbado que tirou a paz dos suinocultores em 2018. O saldo não poderia ser diferente: queda de 7,4% nas exportações. O déficit em que os produtores se encontravam, no entanto, não tirou as perspectivas de crescimento. Ainda em janeiro, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) já projetava alta para o setor.
A tímida estimativa de crescimento em torno de 2% a 5%, ainda não oficial, dada na época, deu lugar, em pouco tempo, a números estratosféricos. O último saldo apontou um crescimento de 81% nas exportações. A rápida expansão do mercado nacional é reflexo da temida Peste Suína Africana (PSA), que vem devastando toda a criação da China.
Quando os primeiros focos surgiram, ainda no último ano, a projeção da doença era inestimada. “Ninguém imaginava que a doença fosse se espalhar por praticamente todas as regiões produtoras daquele país. Também não se esperava uma redução tão significativa do rebanho suíno chinês. Além disso, outros países asiáticos relevantes na suinocultura mundial também foram afetados, como é o caso do Vietnã”, comenta o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, em entrevista à feed&food.
A mudança abrupta colocou o Brasil na rota da recuperação. Mas, na visão de Lopes, o mercado com o passar do tempo se acomoda e, ao contrário do que se possa imaginar, a estratégia, segundo ele, é focar, neste momento, na recuperação dos prejuízos das últimas crises. “O ideal agora seria o produtor priorizar a quitação de dívidas, fazer a reposição adequada de seu plantel e deixar em dia a manutenção de sua granja”, aconselha.
Outra prioridade citada pelo gestor da entidade é a adaptação estrutural, como forma de atender as demandas crescentes do mercado internacional no que tange o bem-estar animal e a redução do uso de antibióticos, como exemplifica Lopes.
Cautela, portanto, deve ser a palavra de ordem para essa fase, que de acordo com o presidente da entidade ainda é de difícil estimativa. “A China está buscando outras proteínas dentro e fora do País e também está fomentando as ações para que granjas tecnificadas venham a substituir grande parte das de subsistência. Além disso, outros países exportadores estão se desdobrando e se preparando para atender esse mercado”, complementa.
Sanidade
Esse cuidado também deve se estender ao controle sanitário nacional. Apesar do País ser considerado uma área livre da doença há 35 anos, as ações de controle foram intensificadas após o surgimento dos casos na Ásia. No último mês, por exemplo, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) anunciou a intensificação da vigilância contra a doença.
88 banners, sendo 44 em português e 44 em inglês, foram distribuídos em portos e aeroportos, com informações preventivas à doença. Os aeroportos também passaram a emitir alertas sonoros aos passageiros e as revistas foram intensificadas. Entre os dias 08 e 12 de junho, mais de 300 kg de produtos alimentícios foram apreendidos pelo Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), do MAPA, em operação que visava a prevenção da entrada de doenças como a PSA, no Brasil.
O presidente da ABCS também relatou que no dia 14 de agosto, serão lançados fóruns em parceria com entidades do setor e o MAPA, com o objetivo de atualizar os profissionais do Serviço Veterinário Oficial e privados sobre a identificação e controle das principais viroses de importância mercadológica na suinocultura, como PSA, Peste Suína Clássica (PSC), febre aftosa, dentre outras.
Para Lopes, as medidas de biosseguridade nunca são excessivas, especialmente, quando se trata de uma doença tão grave. “Se cada produtor fizer sua parte, evitando visitas desnecessárias em suas granjas, exigindo vazio sanitário, mantendo barreiras de isolamento, adquirindo insumos e animais de origem confiável, dentre outras, estará reduzindo efetivamente o risco de aparecimento da PSA e outras doenças importantes no nosso rebanho”, salienta.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 22/11/2024 17:50