Porto Alegre, 18 de outubro de 2021 – Em 2021, vivemos na pele o impacto
direto das mudanças climáticas, com registros recordes de temperatura, aumento
de desastres naturais e prejuízos à biodiversidade ao redor do mundo.
Esses sinais acendem um alerta urgente e direcionam as discussões e
políticas públicas em torno do combate às mudanças em curso, sobretudo em um
ano tão importante e decisivo, com a realização da 26 conferência das
Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP26, que acontece em novembro.
Diante deste contexto, a ICC Brasil, capítulo nacional da maior
organização empresarial do mundo, em parceria com a WayCarbon, maior
consultoria estratégica com foco exclusivo em sustentabilidade e mudança do
clima na América Latina, desenvolveram um estudo inédito sobre as
oportunidades para o Brasil em mercados de carbono. Com o apoio da Suzano,
Microsoft, Shell, Natura, Bayer e bp, as instituições apuraram que o potencial
de geração de receitas com créditos de carbono até 2030 para o Brasil
ficaria em torno de US$493 milhões e US$ 100 bilhões. Isso equivaleria a 1
gigaton (1bi de toneladas de CO2 equivalentes) ao longo da próxima década para
os setores de agro, floresta e energia.
Hoje, há um registro acumulado de mais de 14.500 projetos de crédito de
carbono ao redor do globo, que corresponderam à geração de quase 4 gigatons
de tCO2 de créditos até 2020.
Mercado de carbono e oportunidades para o Brasil
O crédito de carbono é um instrumento econômico que visa a diminuição
dos gases de efeito estufa, que provocam o agravamento das mudanças
climáticas. Esses créditos fazem parte de um mecanismo de flexibilização,
que auxilia os países ou empresas que possuem metas de redução de emissão de
gases de efeito estufa a alcançá-las de forma mais custo efetiva. A cada
tonelada reduzida ou não emitida desses gases, gera-se um crédito de carbono.
Assim, quando um país ou empresa consegue reduzir a emissão, a depender das
metodologias envolvidas, ele recebe um crédito.
O estudo aponta que, na próxima década, o Brasil tem potencial para suprir
de 5% a 37,5% da demanda global do mercado voluntário e de 2% a 22% da demanda
global do mercado regulado no âmbito da ONU. E, até mais, considerando as
políticas públicas, nos mecanismos do artigo 6, gerando as receitas de 100
bilhões de dólares.
Visto a oportunidade de atuação nos mercados de carbono globais e o
destaque para os setores agropecuário, florestal e energético, entende-se que
há um caminho a ser percorrido pelo governo brasileiro e pelo setor privado a
fim de destravar e alavancar tais oportunidades de geração de receita, renda,
saúde e bem-estar social. O estudo traz mais de 10 recomendações essenciais,
mas há dois passos que são chave. O primeiro é entender os mercados de
carbono como potencial de destravar oportunidades financeiras para planos de
recuperação econômica e aceleração do
economia brasileira e o segundo, desenvolver sistemas de monitoramento, relato,
verificação e redução de emissões robustos que abarquem todos os setores
produtivos da NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) brasileira.
Pontos-chave para o setor:
Setor Agropecuário:
Potencial de geração de crédito de carbono: entre 10 e 90 Milhões tCO2e
(até US$ 9 bi em cenário otimista)
Focos de investimentos: Sistemas integrados de lavoura e pecuária (ILP), e
lavoura, pecuária e florestas (ILPF), agricultura de baixo carbono (ABC) , com
foco principal em fixação do nitrogênio e plantio direto. Intensificação da
pecuária bovina de corte, que inclui recuperação de pastagens degradadas, a
adubação de pastagens extensivas e o confinamento
Cobenefícios socioambientais: redução da pressão sobre o desmatamento,
melhoria da qualidade das condições de trabalho e contribuição para a
segurança alimentar
Oportunidades para a cadeia produtiva: novas fontes de renda para os
produtores rurais, recuperação do potencial produtivo em áreas degradadas,
garantia da competitividade entre os principais fornecedores agrícolas
internacionais e fortalecimento de pequenos produtores.
Setor de Florestas:
Potencial de geração de crédito de carbono: entre 71 e 660 Milhões tCO2e
(até US$ 66 bi em cenário otimista)
Focos de investimentos: Reflorestamento, manejo e restauração florestal
sustentável
Cobenefícios socioambientais: diminuição das erosões, manutenção na
biodiversidade local, aprimoramento da qualidade e disponibilidade hídrica,
efeitos positivos à saúde humana com a redução de desmatamento e queimadas
Oportunidades para a cadeia produtiva: geração de aproximadamente 7
milhões de empregos no Brasil
Setor de Energia:
Potencial de geração de crédito de carbono: entre 27 e 250 Milhões tCO2e
(até US$ 25 bi em cenário otimista)
Focos de investimentos: turbinas hidrocinéticas, repotenciação das
hidrelétricas, eólicas offshore, usina solar flutuante, cogeração, etanol de
segunda geração, biocombustíveis avançados e hidrogênio verde
Cobenefícios socioambientais: segurança energética e geração de
empregos e de renda
Oportunidades para a cadeia produtiva: novos empregos com quase 839 mil
novos empregos com a geração de biocombustíveis, 166 mil com a geração de
energia solar desde 2012 e 498 mil por ano para a geração de energia eólica
entre 2011 e 2019
Quotes participantes do estudo
“Esse é um momento para o Brasil reconstruir sua credibilidade
internacional e ninguém melhor que o setor privado para levar essa questão ao
governo e autoridades. O estudo que desenvolvemos nos mostra claramente os
benefícios econômicos e, consequentemente, sociais e ambientais que os
mercados de carbono podem trazer para o Brasil. É uma oportunidade que não
podemos deixar passar. E ainda soma-se a isso, especialmente neste ano de COP, o
custo que o país terá em não reconstruir sua credibilidade junto à
comunidade internacional”, pontua Gabriella Dorlhiac, diretora executiva da ICC
Brasil.
As oportunidades potenciais de geração de crédito de carbono,
identificadas pelo estudo, apontam reduções de gases do efeito estufa
extremamente relevantes, além de inúmeros benefícios socioeconômicos e
oportunidades de alavancagem na cadeia produtiva. “Mercados de carbono são
uma solução econômica ganha-ganha. Além da redução urgente de emissões de
GEE, a experiência evidencia benefícios que são fundamentais para o Brasil,
como geração de emprego e renda, melhoria na qualidade das condições de
trabalho, aprimoramento da qualidade e de disponibilidade hídrica e segurança
energética”, avalia Laura Albuquerque, gerente de finanças sustentáveis da
WayCarbon.
“No agro, muitas das práticas sustentáveis fazem parte da Agricultura de
Baixo Carbono (ABC), que promove técnicas conservacionistas para mitigação
da emissão de gases de efeito estufa e para captura de carbono no solo”,
destaca Eduardo Bastos, diretor de Sustentabilidade da divisão agrícola da
Bayer para a América Latina. “Mitigar essas emissões é uma prioridade da
Bayer e também uma grande oportunidade para o agro, que pode ser uma parte
importante da solução dos desafios climáticos. Estamos construindo, junto com
agricultores e parceiros, um ecossistema de carbono, e só seremos
bem-sucedidos se fizermos isso com base em trabalho colaborativo, ciência e
tecnologia de ponta”, finaliza.
Para a bp, esse estudo demonstra de forma muito clara o potencial do Brasil
em se tornar o principal ator na jornada global rumo à neutralidade. “As
oportunidades de redução de emissões oferecem ao país uma condição única
de poder cumprir seus compromissos climáticos e também ajudar outros países e
instituições a cumprirem os seus, captando recursos importantes para o
desenvolvimento econômico, social e a preservação ambiental”, afirma Celso
Fiori, Head of Communications & Advocacy da bp Brasil. “Para isso, temos uma
etapa fundamental dessa jornada a ser realizada, que é o avanço da
regulamentação do Acordo de Paris durante a COP26”, pontua.
“A transição para uma economia de baixo carbono é uma das maiores
oportunidades de negócio da nossa era. Gosto sempre de reforçar a importância
da geração do lucro através do propósito e esta é uma forma de acelerarmos
o crescimento econômico sustentável do nosso País. Não é necessário
escolher entre produzir e preservar, as duas frentes devem caminhar juntas. E as
empresas precisam lembrar que não existe empresa saudável em um planeta
doente”, destaca Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil.
“Temos a enorme oportunidade de colocar o Brasil em um papel de
protagonista na agenda global de sustentabilidade e da economia de baixo
carbono. Mas isso depende do apoio a uma economia voltada para a conservação
de biomas, avanços em direção à circularidade, além de incluir pessoas e
comunidades que são essenciais na valoração da socio biodiversidade”,
afirma Denise Hills, diretora de sustentabilidade de Natura &Co Latam. “Já
somos carbono neutro desde 2007. Nosso compromisso agora é zerar as emissões
líquidas até 2030, 20 anos antes do previsto pelo Acordo de Paris. Para isso,
é fundamental o desenvolvimento de compromissos, mercados regulados, bem como
novos modelos de negócio e de inovação para o impacto positivo tanto
ambiental quanto social”, conclui.
“O estudo da ICC-WayCarbon é extremamente oportuno, tanto pelo debate que
o mundo trava atualmente em torno da necessidade de reduzir emissões de gases
de efeito estufa, quanto porque aponta objetivamente as oportunidades para o
Brasil no mercado de carbono. Não é novidade o potencial estratégico do nosso
país na atração de investimentos para uma economia de baixo carbono, mas
precisamos traduzir isso em soluções. Por isso, estudos como este trazem
informações técnicas fundamentais que sustentam a urgente necessidade de
ação para políticas de valorização dos nossos recursos, aqui por meio do
mercado de carbono”, presidente da Shell Brasil, André Araujo.
“Precisamos de uma força-tarefa imediata entre os setores público,
privado e a sociedade para adotar medidas efetivas que contribuam com a
redução das emissões globais de carbono. As mudanças climáticas têm sido
um dos maiores desafios globais da nossa sociedade e, para enfrentá-las, vemos
um enorme potencial na implantação de um mercado de carbono regulado,
especialmente em um país com as características do Brasil”, enfatiza Júlio
Natalense, gerente executivo de Iniciativas de Carbono da Suzano.
Sobre a International Chamber of Commerce
A International Chamber of Commerce (ICC) é a representante institucional
de mais de 45 milhões de empresas em 100 países. Por meio de uma combinação
única de advocacy e criação de padrões e soluções, promovem o comércio
internacional, a conduta responsável das empresas e uma visão regulatória
global, além de fornecer serviços de resolução de disputas altamente
reconhecidos pelo mercado. Seus membros incluem muitas das grandes empresas
globais, PMEs, escritórios de advocacia, associações empresariais e câmaras
de comércio. A ICC representa os interesses do setor privado nos níveis mais
altos de tomada de decisão intergovernamental, seja na Organização Mundial do
Comércio, nas Nações Unidas ou no G20 – garantindo que a voz das empresas
seja ouvida.
Sobre a WayCarbon
Estabelecida no Brasil desde 2006, a WayCarbon é uma empresa de base
tecnológica e a maior consultoria estratégica com foco exclusivo em
sustentabilidade e mudança do clima na América Latina. A empresa oferece ao
mercado soluções que aliam experiência profissional, inovação e
desenvolvimento tecnológico, com o objetivo de transformar a sustentabilidade
em um elemento competitivo para o negócio.
A WayCarbon é referência em assessoria sobre mudanças globais do clima,
gestão de ativos ambientais e no desenvolvimento de estratégias e negócios
visando a ecoeficiência e a economia de baixo carbono. É Empresa B Certificada
e membro dos principais hubs de inovação no país. Para saber mais, visite
As informações partem da assessoria de imprensa das empresas.
Revisão: Fábio Rübenich (fabio@safras.com.br) – Agência SAFRAS
Copyright 2021 – Grupo CMA
Cotação semanal
Dados referentes a semana 01/08/2025
Suíno Independente kg vivo
R$ 8,07Farelo de soja à vista tonelada
R$ 1.640,00Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.400,00Milho Saca
R$ 68,25Preço base - Integração
Atualizado em: 31/07/2025 11:10