Agronegócio

Com preço alto do boi, país deve ter entressafra atípica

8 de maio de 2014
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Os preços da arroba bovina na entressafra no Brasil devem superar os patamares recordes registrados em março deste ano, embora não sejam esperados os tradicionais picos sazonais verificados na época de menor oferta de animais para o abate, segundo avaliação da consultoria FCStone.
Especialistas consideram ainda que a resposta do consumidor final aos preços mais altos da carne deve funcionar como um importante limitador para os preços do boi gordo na entressafra, que começa em junho, disse a consultora sênior em gerenciamento de risco para pecuária da FCStone, Lygia Pimentel.

O acompanhamento da FCStone aponta um valor médio da arroba até o momento em cerca de 120 reais, depois de ter sido atingido o pico de 127 reais, de acordo com o indicador Esalq/BM&FBovespa.

A arroba bovina marcou recordes nominais sucessivos em março, por conta da oferta restrita de bois para abate em meio à seca atípica para um período tradicionalmente mais chuvoso, entre janeiro e fevereiro, que comprometeu os pastos.

“Pode superar o recorde de março sim, mas neste patamar o consumidor já começa a sinalizar com uma luz amarela”, disse a consultora.

Segundo Lygia, considerando os preços apontados na bolsa para os meses de julho a dezembro, a expectativa é de um preço na entressafra quase 3 por cento maior ante o valor médio visto até maio, para 123,50 reais.

Mas historicamente a valorização do preço médio entre a safra e a entressafra é de 8 por cento em fases de alta do ciclo pecuário.

O indicador Esalq/BM&FBovespa cedeu recentemente com a entrada do boi de safra, mas ainda está em torno de 123 reais, ante pouco menos de 100 reais na mesma época de 2013 e cerca de 4 reais abaixo dos picos testados em março.

Boi magro

Os pecuaristas ainda acompanham com cautela os preços do boi magro, que é adquirido para engorda em sistemas fechados –confinamento– durante a época mais seca do ano, quando os pastos perdem potencial nutritivo.

O boi magro, que equivale entre 70 a 75 por cento do custo de produção do animal em confinamento, subiu no último mês acima dos percentual apurado para o valor do boi gordo.

Acompanhamento da FCStone mostrou que de janeiro a abril deste ano o valor da arroba do boi magro subiu 16,3 por cento, contra uma alta de 11,4 por cento do valor do boi gordo, numa trajetória que afeta as decisões de confinamento.

Mesmo assim, a FCStone ainda trabalha com uma estimativa de crescimento do número de animais confinados por conta dos preços sustentados.

“Teve uma mudança de cenário, mas isso não chega a mudar a intenção de confinar dos pecuaristas…”, disse Lygia.

Embora represente apenas 10 por cento do abate total –estimado neste ano em 44 milhões de cabeças pela FCStone–, a concentração da oferta de animais engordados em confinamento entre maio e setembro acaba interferindo nos preços de mercado.

Para decidir se confina os animais, o pecuarista considera os preços futuros do boi na BM&FBovespa frente aos custos esperados, para avaliar se a operação é remuneradora.

Os preços atuais do boi magro, atualmente entre 1.500 e 1.600 reais, frente a preços futuros (vencimento outubro) em torno de 124 reais a arroba ainda apresentam um cenário remunerador para o confinador, concordou o analista da Scot Consultoria, Antonio Guimarães de Oliveira.

Já o analista da Agroconsult para a área de pecuária, Maurício Nogueira, alertou que alguns fatores nas próximas semanas podem ter impacto grande no mercado bovino.

Nogueira destacou, entre eles, os possíveis efeitos do caso atípico suspeito de vaca louca no país para exportação de carne bovina do Brasil, que podem influenciar no consumo e, consequentemente, nos preços da carne bovina e da arroba.

O Ministério da Agricultura está investigando o caso, e o mercado aguarda o resultado final dos testes.

 

Fonte: Reuters.

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