CORONAVIRUS: Bloqueios na Ásia prejudicam cadeias de commodities

Porto Alegre, 17 de setembro de 2021 – O recente aumento de casos de
covid-19 no sudeste da Ásia restringiu os portos e bloqueou plantações e
processadores, gerando interrupções prolongadas de matérias-primas, como
óleo de palma, café e estanho. As informações são da agência de notícias
“Dow Jones”.

Restrições na Malásia, o segundo maior produtor mundial de óleo de
palma, impediram trabalhadores migrantes que viajavam para as plantações,
aumentando os preços do óleo comestível onipresente usado para fazer barras
de chocolate, xampu e biocombustível.

Bloqueios no Vietnã, segundo maior exportador mundial de café em volume,
atrasaram o processamento e exportação de grãos de café, aumentando as
preocupações de produção causadas pelo mau tempo no Brasil. O fornecimento
global de estanho foi atingido por interrupções relacionadas à covid-19 em
uma fundição na Malásia, contribuindo para a alta dos preços do metal
industrial, que é usado para conectar chips de computador a placas de circuito
em eletrônica.

Os preços de cada uma dessas commodities subiram para níveis plurianuais
nos últimos meses, acrescentando custos que estão sendo repassados aos
consumidores. “Esses choques de oferta repercutem globalmente porque Vietnã e
Malásia detêm grande participação de mercado das principais commodities”,
disse Trinh Nguyen, economista sênior da Natixis.

Companhias como Unilever, empresa de bens de consumo, e J.M. Smucker, que
inclui o café Folgers, afirmaram que o aumento dos preços das matérias-primas
está contribuindo para pressões de custos.

“O preço do óleo de palma, um ingrediente chave para nossos produtos de
limpeza da pele, está 70% mais alto do que sua média de longo prazo, com o
aumento da demanda e rendimentos de colheita mais baixos elevando o preço”,
disse Graeme Pitkethly, diretor financeiro da Unilever, em julho. Ele
acrescentou que a empresa já aumentou os preços de alguns produtos.

Uma razão para o preço elevado do óleo de palma é um aumento nos casos
de covid-19 na Malásia. O país do sudeste asiático registrou recentemente
cerca de 19 mil novos casos e 400 mortes por dia em seu pior surto desde o
início da pandemia. As restrições de viagens em vigor desde março do ano
passado tornaram difícil para os trabalhadores chegarem às plantações,
levando a um número cada vez menor de trabalhadores. O setor de óleo de palma
depende de migrantes da Indonésia, que é o maior produtor do mundo da
commodity, bem como Bangladesh e India.

Limitações rígidas de movimento interno colocadas em prática nos
últimos meses em resposta ao aumento de casos, somado aos desafios enfrentados
pelas empresas de óleo de palma, como surtos em plantações, levaram a
desligamentos. Com informações da Agência CMA.

Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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