Suinocultura

Crise e reengenharia da indústria de suínos reduzem oferta

4 de agosto de 2014
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Passados vinte e quatro meses do pior momento recente vivido pela suinocultura brasileira, onde os baixos preços pagos pelo suíno vivo se contrapuseram às altas cotações de milho e principalmente farelo de soja, a oferta de animais para abate ainda não voltou ao período pré-crise. De janeiro a junho de 2014 a média mensal de abate de suínos em frigoríficos com inspeção federal (SIF), que representa mais de 90% dos suínos abatidos no país, foi de2,45 milhões de animais, enquanto no mesmo período a média mensal foi de 2,54 milhões em 2011 e 2,70 milhões em 2012 e 2013.
Após anos de crescimento contínuo da produção, em 2013 o setor apresentou uma redução de 5,62% no número de animais abatidos, passando de 33.629.036 animais em 2012 para 31.738.629 no ano passado. O primeiro semestre de 2014 encerrou com uma oferta ainda menor, com queda de 10,47% em relação ao primeiro semestre de 2013. Esta queda pode ser em parte explicada pela última crise enfrentada pela suinocultura brasileira, que levou o quilo do suíno vivo à menor cotação nominal dos últimos cinco anos em junho de 2012.

Abate mensal de suínos

A produção de suínos demora a se ajustar ao mercado de preços, tanto para baixo quanto para cima. Num mercado em queda as matrizes já alojadas e os animais em fase de crescimento e engorda continuarão a manter a oferta para o abate por meses, como aconteceu em 2012, em um momento de melhora nas cotações também levam-se meses para que um aumento do plantel ou novas unidades disponibilizem mais animais para o abate, exemplo de 2013. No entanto somente a crise não justifica um período tão longo e ainda sem sinais de inversão da curva de animais abatidos.

Entra aqui um fato novo. A suinocultura brasileira deve grande parte da sua expansão ao sistema de integração, caso em que a indústria frigorífica coordena todo o sistema de produção e determina o ritmo dos alojamentos e a oferta de animais para o abate. Por mais de 50 anos as duas principais integradoras de suínos do Brasil, Sadia e Perdigão, disputaram não só as gondolas dos supermercados mas também a produção agropecuária. Estas indústrias nasceram no campo e sempre trabalharam com um processo de produção empurrada, com foco no fornecimento de matéria prima para industrialização. Mas este arranjo está se modificando.

A partir da década de 1990, mudanças econômicas como a desregulamentação, a abertura de mercados de bens e capital e a estabilização monetária, impactaram fortemente a indústria brasileira e deflagraram uma onda de fusões e aquisições que atingiu diversos setores da economia, com grande impacto na indústria de transformação. Neste cenário as duas principais indústrias de carne suína do Brasil se associaram em 2009, depois de 03 tentativas frustradas em 1999, 2002 e 2006.

O maior impacto esperado e discutido pelo CADE, que somente em 2011 aprovou a fusão de Sadia e Perdigão criando a BRF, era o monopólio em determinados segmentos de alimentos processados, desconsiderando o modo como esta concentração afetaria a produção primária. Neste curto período a empresa criada a partir das líderes do mercado já passou por diversas reestruturações, e a mais recente delas, em 2013, resultou na troca de todo primeiro escalão da BRF e ao que parece em uma nova filosofia. Sob o comando de Abílio Diniz, que por anos liderou o maior grupo de varejo do Brasil e há pouco mais de um ano assumiu a presidência do conselho de administração da companhia, é hora de “arrumar a casa”, inverter o foco de empresa industrial para se tornar comercial, reduzir custos e portfólio de produtos, aumentar a produtividade e não a produção.

O ano de 2013 também trouxe novos entrantes para o mercado brasileiro de carne suína, a JBS adquiriu a Seara que já havia sido comprada pela Marfrig em 2009. Nova entrante no mercado brasileiro, pois a curva de aprendizagem da JBS em carne suína se iniciou em 2007 quando adquiriu a americana Swift que conta hoje com 400 mil matrizes nos EUA. A empresa já é a segunda maior processadora de alimentos do Brasil, atrás da BRF, no entanto é a líder global no segmento de aves e bovinos e tem um faturamento três vezes maior que a rival brasileira. A criação da JBS Foods, subsidiária de aves, suínos e alimentos processados, a absorção de vários profissionais egressos da BRF e sobretudo a agressiva campanha de marketing da gigante do boi, sugere a possibilidade de um retorno aos tempos em que duas companhias rivalizavam o mercado de aves e suínos no país.

Cotação semanal

Dados referentes a semana 28/06/2024

Suíno Independente kg vivo

R$ 6,99

Farelo de soja à vista tonelada

R$ 2.205,00

Casquinha de soja à vista tonelada

R$ 1.300,00

Milho Saca

R$ 63,50
Ver anteriores

Preço base - Integração

Atualizado em: 02/07/2024 14:00

AURORA* - base suíno gordo

R$ 5,55

AURORA* - base suíno leitão

R$ 5,65

Cooperativa Majestade*

R$ 5,55

Dália Alimentos* - base suíno gordo

R$ 5,50

Dália Alimentos* - base leitão

R$ 5,65

Alibem - base creche e term.

R$ 4,70

Alibem - base suíno leitão

R$ 5,55

BRF

R$ 5,35

Estrela Alimentos - creche e term.

R$ 4,52

Estrela Alimentos - base leitão

R$ 5,60

JBS

R$ 5,30

Pamplona* base term.

R$ 5,55

Pamplona* base suíno leitão

R$ 5,65
* mais bonificação de carcaça Ver anteriores

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