Porto Alegre, 30 de setembro de 2021 – O Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) divulgou nesta tarde (30) sua nova análise de conjuntura sobre
a economia brasileira. O documento aponta que a inflação brasileira está
pressionada pela desvalorização cambial, pela alta dos preços internacionais
das commodities e pela crise hídrica. Estima-se que o Indice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechará o ano com alta de 8,3% e o Indice
Nacional de Preço ao Consumidor (INPC) com alta de 8,6%.
Até agosto, o IPCA registrou um crescimento no ano de 5,67%. Já é um
percentual superior aos 5,25% estabelecidos como limite da meta estipulada pelo
Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2021. Por outro lado, o Ipea aposta em
desaceleração da inflação em 2022. A estimativa é que o IPCA feche o
próximo ano em 4,1% e que o INPC fique em 3,9%.
Os dados constam na Carta de Conjuntura n 52. “Um dos grandes desafios
macroeconômicos no curto e médio prazo é a calibragem adequada da política
monetária, de modo a trazer a inflação de volta para o centro da meta sem
comprometer a retomada”, diz o documento.
A pesquisa do Ipea revela uma projeção próxima à do Boletim Focus,
divulgado semanalmente pelo Banco Central (BC). A última edição, publicada no
início dessa semana, trouxe uma nova previsão do mercado financeiro para o
IPCA de 2021. A estimativa é de 8,45%.
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB – PIB, soma de todos os bens e
serviços produzidos no país) de 2021, o Ipea manteve a projeção já
apresentada em junho e reiterada em agosto de crescimento de 4,8%. No entanto,
foi revista a estimativa para 2022. Os pesquisadores preveem um crescimento de
1,8% no próximo ano. É um percentual menor do que os 2% estimados no mês
passado.
“Essa redução se deve à dinâmica recente do cenário macroeconômico,
com destaque para a persistência da inflação em patamar elevado – que
impactou negativamente o poder de compra dos consumidores e provocou a
necessidade de um aperto monetário maior que o esperado. Além disso,
observou-se uma deterioração das condições financeiras das famílias, com o
aumento de seu endividamento. Em contrapartida, alguns fatores contribuem para
que a revisão da previsão para 2022 tenha sido pouco significativa, com
destaque para o cenário de crescimento robusto do setor agropecuário e o
aumento da disponibilidade de caixa dos governos estaduais”, diz o documento.
Recuperação
Com base nos indicadores mensais de atividade econômica, os pesquisadores
indicam a continuidade da recuperação da economia no início do terceiro
trimestre de 2021. Segundo eles, o movimento de recuperação está atrelado ao
avanço da vacinação contra a covid-19 e à melhora da dinâmica
epidemiológica.
De acordo com a pesquisa, os resultados positivos das medidas de controle
da pandemia têm contribuído para que os níveis de mobilidade urbana se
aproximem da normalidade. “Com isso, as atividades que dependem de maior
interação presencial, notadamente aquelas associadas ao setor de serviços,
seguem apresentando um ritmo de crescimento mais acelerado”, registra o
documento.
Em agosto deste ano, na comparação com o mês de julho, houve avanço de
0,1% no setor de serviços, alta de 0,6% na produção industrial e queda de
1,1% no comércio varejista. Na comparação com o mês de agosto do ano
passado, a previsão é de alta em todos os segmentos: setor de serviços
(15,7%), produção industrial (1,2%) e comércio varejista (2%).
Foi realizada também uma análise específica para o setor automotivo,
cujo desempenho ruim em agosto impactou os resultados do comércio varejista do
país. O encarecimento de insumos como o aço e a borracha e o aumento das
tarifas de energia foram apontados como os fatores que explicam a situação.
Mas apesar da queda de 16,5% na produção de automóveis de passeio, a
produção da caminhões subiu 11,4% impulsionada pela boa safra agrícola e
pelo aumento da atividade minerária.
Crise hídrica
Os pesquisadores manifestam preocupação com a crise hídrica, a pior dos
últimos 91 anos, segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS). “A situação
é ainda mais grave porque não há perspectiva de nível de precipitação
acima da média para o último trimestre nos subsistemas mais afetados,
principalmente no Sudeste/Centro-Oeste. De acordo com o levantamento feito pelo
Ipea, com base nas previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a
precipitação prevista é igual ou abaixo da média do período de 1981 a
2010”, aponta o Ipea.
O cenário fiscal brasileiro também foi avaliado e concluiu-se que há uma
perspectiva de melhora nas contas públicas em 2021. Um ponto destacado é o
aumento das disponibilidades de caixa nos governos estaduais, que pode se
reverter em investimentos capazes de atenuar impactos negativos do aumento dos
juros sobre a atividade econômica. Houve também uma melhora na projeção do
déficit nacional esperado para este ano. “Para 2022, persistem incertezas, a
principal das quais está associada à magnitude do esforço de contenção de
despesas requerido para a obediência do teto de gastos da União”, pondera o
documento.
As informações são da Agência Brasil.
Revisão: Gabriel Nascimento (gabriel.antunes@safras.com.br) / Agência
SAFRAS
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