Porto Alegre, 22 de maio de 2023 – O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em
um seminário sobre autonomia do Banco Central promovido pelo jornal Folha de S.Paulo, disse que a
autonomia do BC foi conseguida com bastante discussão no governo. “Foi preciso trabalhar de forma
muito árdua para se ter a autonomia do BC”, disse.
Campos Neto fez uma retrospectiva da evolução do desempenho da economia brasileira e mundial,
desde antes da pandemia de Covid-19 até hoje. “Esperava-se que a Covid trouxesse depressão global,
mas tivemos uma recessão moderada”, afirmou.
Por conta das políticas fiscais adotadas durante a Covid-19, a inflação em boa parte dos
países cresceu e vem reduzindo de forma muito lenta. “Nas economias avançadas, o núcleo da
inflação continua a subir; no Brasil está caindo de forma mais rápida”.
A recuperação do crescimento vem se mostrando maior que a esperada, o que fez muitos países
revisarem suas metas de crescimento do PIB para cima, inclusive o Brasil. Mas, no caso brasileiro, o
crescimento estrutural, que não influencia a inflação, ainda está baixo, e os juros e dívida
pública estão altos. “Precisamos ter harmonia entre política fiscal e monetária, mas nem sempre
elas estão no mesmo ciclo”.
Sobre a autonomia do BC, Campos Neto afirmou que é ela que traz estabilidade econômica, e que
isso significa seguir regras, e que as metas de inflação devem mesmo ser definidas pelo governo.
“O Executivo tem direito de determinar o regime de inflação, não cabe ao Banco Central. Seria
muito conflituoso se o BC a determinasse”.
Campos Neto não afirmou diretamente se é a favor da mudança do regime de metas de inflação,
em vez da meta-calendário (como é hoje), para a meta contínua. “O mercado entende que o melhor
caminho é melhorar a eficiência, em vez de flexibilização. Estamos preocupados com a percepção
de expectativas de inflação desancoradas. Seria melhor fazer essa mudança em ambiente de
calmaria”.
O presidente do BC falou sobre a indicação de Gabriel Galípolo, secretário-executivo do
Ministério da Fazenda, ao Banco Central. “Galípolo tem toda a capacidade de assumir diretoria do
banco. Nas reuniões do BC, nem sempre a unanimidade é saudável. Com a chegada dele, acredito que
teremos menos unanimidade. Mas se o diretor desviar muito do quadro técnico, haverá ainda mais
debate para se ter o melhor resultado”.
Na sua conclusão, Campos Neto falou da autonomia do banco. “Hoje temos autonomia operacional,
mas ainda não temos autonomia financeira nem administrativa. É importante avançar nesse processo
em algum momento. Banco Central é um órgão puramente técnico, seguimos as regras que existem,
dentro do contexto definido em lei”.
As informações partem da Agência CMA.
Revisão: Sara Lane (sara.silva@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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