Porto Alegre, 20 de setembro de 2023 – O Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a taxa
básica de juros em 0,50 ponto percentual para 12,75% ao ano, em decisão unânime.
Em seu comunicado, o Copom informou que, “em se confirmando o cenário esperado, os membros do
Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que
esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o
processo desinflacionário”.
O Comitê ressalta ainda que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo
dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à
política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de
maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
O Copom entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da
inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau
menor, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços,
essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e
fomento do pleno emprego.
“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser
mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e
moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar
com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de
desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, acrescenta.
No comunicado, o Copom frisa que “tendo em conta a importância da execução das metas fiscais
já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a
condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas
metas”.
Inflação
As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* situam-se em 5,0% em
2023, 3,5% em 2024 e 3,1% em 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de
10,5% em 2023, 4,5% em 2024 e 3,6% em 2025.
O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em
ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de
inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii)
uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do
produto mais apertado. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma desaceleração da atividade
econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário
sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
Cenários
Segundo o comunicado, o ambiente externo mostra-se mais incerto, com a continuidade do processo
de desinflação, a despeito de núcleos de inflação ainda elevados e resiliência nos mercados de
trabalho de diversos países. “Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados
em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas. O Comitê notou a elevação
das taxas de juros de longo prazo dos Estados Unidos e a perspectiva de menor crescimento na China,
ambos exigindo maior atenção por parte de países emergentes”.
Em relação ao cenário doméstico, observou-se maior resiliência da atividade econômica do
que anteriormente esperado, mas o Copom segue antecipando um cenário de desaceleração da economia
nos próximos trimestres. Como antecipado, ocorreu uma elevação da inflação cheia ao consumidor
acumulada em doze meses no período recente. As medidas mais recentes de inflação subjacente
apresentaram queda, mas ainda se situam acima da meta para a inflação.
Lessandro Carvalho (lessandro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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