Exportações de soja alcançam novo recorde

Com o reaquecimento da demanda chinesa, as exportações brasileiras de soja em grão voltaram a crescer durante o mês de março, alcançando um novo recorde. De acordo com os dados divulgados pela Secretária de Comércio Exterior (Secex), os embarques do grão já somaram 11,644 milhões de toneladas, quase 38% mais que há um ano, rendendo US$ 3,978 bilhões e um aumento de 32%. É esperado que o ritmo continue nos próximos meses, mesmo com o período de incertezas causado pelo novo coronavírus.

Segundo o analista de grãos do banco holandês Rabobank do Brasil, Victor Ikeda, a disparada dos embarques também refletiu em um ajuste em relação aos dois primeiros meses do ano, em que os embarques foram menores. No primeiro bimestre, o país exportou 6,5 milhões de toneladas, 10% menos que em igual período do ano passado. Para ele, a demanda chinesa está fortalecida depois de dois meses de muita incerteza.

O analista ainda avaliou que os preços nominais (real) em patamar recorde, propiciado pela ajuda do câmbio, devem dar suporte as vendas da atual safra brasileira, que será a maior da história e caminha para a reta final da colheita.

Para o analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Roque, é estimado que as cotações se mantenham firmes nas próximas semanas ou até meses, tanto no mercado interno como externo, mantendo a comercialização aquecida. Ele espera que entre 70% e 75% da safra atual tenha sido vendida e que de 20% a 25% do volume do próximo ciclo (2020/21) já tenha sido negociado antecipadamente, algo inédito para este período. Para a atual safra, a consultoria projeta produção de 124,2 milhões de toneladas, alta de 4,1% sobre a temporada anterior.

Outra questão que também beneficiou os embarques brasileiros, foram os problemas enfrentados pelo Argentina, principal concorrente do País na América do Sul. Além do aumento da tributação sobre as exportações da soja, o vizinho enfrente dificuldades no escoamento do grão em portos.

Roque estima que no primeiro semestre deste ano as vendas da soja brasileira deverão se manter em um ritmo acima da média. No entanto, período deve ser encerrado com a entrada da safra americana no mercado e o redirecionamento das compras chinesas para honrar o acordo firmado entre os dois países no segundo semestre.