Porto Alegre, 14 de agosto de 2023 – Em entrevista ao canal do jornalista Reinaldo Azevedo, no
Youtube, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que apesar do empenho do atual governo para
conseguir aprovação de projetos no Congresso, não está fácil. Ele também criticou o pagamento
de emendas ao Congresso e disse que hoje o Brasil vive um “parlamentarismo sem primeiro-ministro”.
“Quem vai pagar o pato é o executivo.”
“A Câmara está com um poder muito grande. Nunca vi nada parecido”, em entrevista gravada na
noite de sexta-feira.
O ministro ressaltou o trabalho realizado em parceria com o ministério do Planejamento, de ir
ao Legislativo e ao Judiciário para afinar os poderes e atingir o resultado esperado. “O desafio
não é só mandar o Orçamento, mas mostrar que ele é alcançável. Se for aprovado, vai gerar
muito crescimento ao país”, disse.
Em relação às negociações da atual gestão com o Congresso, disse que a boa relação com o
presidente da Câmara Arthur Lira começou durante a PEC da Transição, antes de ser escolhido ao
cargo. “Eu analisei a PEC e vi que precisava enxugar. Eles não queriam aprovar um cheque em branco
para o novo governo. Eu estava com economistas progressistas e liberais e propusemos um acordo. A
transição não foi feita pelo Executivo, mas pelo Legislativo e pelo Judiciário. Recuperou-se a
harmonia entre os poderes.”
Segundo Haddad, o governo estudou 29 países para desenhar a nova regra fiscal, que introduziu
as metas de gasto com um teto móvel e de resultado primário. “Isso é o que comoveu as agências
de risco, por que é novo e está aproveitando o melhor das regras existentes.”
Ele também destacou medidas para ajustar o orçamento e aumentar a arrecadação, como a
identificação de R$ 600 bilhões em renúncias fiscais no Orçamento e o benefício que o governo
teria em extingui-las, e as vitórias da pasta ns Justiça. “Algumas foram levadas para o
Judiciário e caíram no STJ. E o escândalo do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais),
foi uma privatização da Receita Federal. “Ficou claro para o ministros do STJ (Superior Tribunal
de Justiça), só de estancar isso já traz recursos para o país. O Carf tinha R$ 500 bilhões de
contencioso, agora tem mais que o triplo.”
Segundo o ministro, o ministério do Planejamento vai apresentar importantes resultados a partir
de análises e ajustes de auxílios concedidos pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. “O
Auxílio Taxista, por exemplo, foi concedido para pessoas que nem tinham carta, entre outros
absurdos. Houve compra de votos com dinheiro público e ninguém colocava freio no (ex-presidente
Jair) Bolsonaro. Há muito espaço com combate a fraudes e desperdícios.”
Haddad disse que se surpreendeu com a “demora” no corte de juros e não com o voto do presidente
do BC, Roberto Campos neto, favorável ao corte da taxa. “As pessoas se iludiram com o crescimento
do PIB no primeiro trimestre. Esse corte de 0,5%, se não viesse, seria uma tragédia. A
arrecadação despencou em julho. Do ponto de vista política, pessoas que votaram na autonomia
iriam começar a revê-la.”
Ele começou a ter dúvidas sobre o cumprimento da meta fiscal caso o BC não cortasse a taxa
básica de juros. “O Banco Central diz a taxa neutra gira entre 4,5-20%. Acima de 8,5% é recessiva.
Se cortar 0,5%, quanto tempo vamos levar para chegar no juro neutro?”
Em relação aos juros no rotativo do cartão de crédito, Haddad disse que começou a surgir um
movimento no Congresso para tabelar o rotativo. “O padrão de compra do brasileiro atualmente é
esse. Até comida está sendo comprado assim.”
Em relação à autonomia do Banco Central, Haddad disse que não aprovaria a medida com Jair
Bolsonaro no poder. “Estávamos na mão de um psicopata.”
O ministro disse que um grupo de trabalho está estudando como a inflação se comporta em
outros países que pagam menos juros que o Brasil e entender as medidas do Banco Central. Também
estão sendo estudadas medidas para o mercado de capitais.
Em relação ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), Haddad disse que os investimentos
terão foco em reindustrialização e desenvolvimento de produtos “verdes”, como o aço. “São
produtos produzidos com energia limpa.”
Para Haddad, a extrema-direita não tem projeto e a “anti política” é um conceito falso, que
antecede o surgimento de “algo pior”. As informações são da Agência CMA.
Revisão: Pedro Carneiro (pedro.carneiro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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