Porto Alegre, 26 de junho de 2023 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, neste
sábado (24), que ainda acredita em um acordo comum com a União Europeia na parceria com o
Mercosul. Ele disse que a resposta dos países do Sul sobre a carta adicional dos países europeus
deve ser respondida até o final deste ano. Segundo o presidente brasileiro, o protecionismo tem
dificultado a aprovação do acordo. Lula cumpriu agenda na Itália e na França nesta semana e
falou com a imprensa em Paris neste sábado, antes de embarcar de volta para o Brasil. As
informações são da “Agência Brasil”.
“O fato de ter dois pontos sensíveis e considerados essenciais para os dois lados significa que
não podemos chegar a um acordo sobre eles, mas podemos melhorar outros aspectos. Precisamos fazer
um acordo com a União Europeia, e a União Europeia precisa do Mercosul, da América do Sul e da
América Latina. Concordamos em responder à carta adicional da União Europeia, e acredito que até
o final do ano teremos uma decisão sobre o assunto”, declarou à imprensa.
Lula também mencionou que o presidente da França, Emmanuel Macron, enfrenta dificuldades no
Congresso francês e que é normal para o país defender sua agricultura. “Ele [Macron] enfrenta
dificuldades no Congresso, mas se pudermos conversar com nossos amigos de esquerda para ajudar na
aprovação do acordo no Mercosul, iremos conversar com todos os amigos da França para
convencê-los da importância, porque o protecionismo não ajudará.” Macron enfrenta pressão do
Parlamento francês, que é contra o tratado por motivos de protecionismo, principalmente no setor
agrícola.
Lula criticou o protecionismo dos países ricos. “Desde os anos 80, tudo o que as pessoas diziam
era que quanto mais abertura, melhor, quanto mais livre comércio, melhor, mas quando chega a hora
dos países em desenvolvimento competirem em condições iguais, os mais ricos se tornam
protecionistas”.
Na capital francesa, Lula teve uma reunião bilateral com o presidente francês e discutiu a
aprovação, na semana passada, pela Assembleia Nacional da França, de uma resolução contra a
ratificação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE). Lula é contra a flexibilização
das regras sobre compras governamentais previstas no acordo.
Segundo o presidente, o assunto também é importante para a reunião da Comunidade dos Estados
da América Latina e do Caribe (Celac). “O assunto é importante para a União Europeia e o
Mercosul, mas também para estabelecermos uma nova rodada de conversas para ver se chegamos a um
acordo também na Celac”. A UE e a Celac realizarão uma cúpula em Bruxelas, capital da Bélgica,
entre os dias 17 e 18 de julho.
Investimentos sauditas
Durante a coletiva, Lula explicou por que não se encontrou com o príncipe da Arábia Saudita,
Mohamed Bin Salman. “Quero conversar com todas as pessoas que desejam investir no Brasil, até mesmo
para saber a qualidade desses investimentos. Simplesmente não tive condições de participar da
reunião. Vou pedir ao Itamaraty que o convoque para ir ao Brasil discutir negócios com os
empresários brasileiros. Temos muitos interesses em que a Arábia Saudita faça negócios no
Brasil, especialmente na área de transição energética, pois apresentaremos um grande projeto
ainda neste mês de julho”, anunciou.
A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto informou na sexta-feira (23) que o encontro
entre o presidente Lula e o príncipe da Arábia Saudita, Mohamed Bin Salman, foi cancelado. De
acordo com o governo, o compromisso com Macron terminou muito tarde, reforçando a necessidade de
cancelar a agenda com o príncipe árabe.
Segundo a assessoria, Lula teve uma “agenda muito intensa” nesta viagem à França e à Itália.
O jantar entre o presidente brasileiro e Bin Salman ocorreria no início da noite, no horário de
Paris.
O nome de Bin Salman circulou recentemente no Brasil após a divulgação de dois conjuntos de
joias de alto valor que teriam sido presenteados por ele a Jair Bolsonaro, quando ainda era
presidente da República, e à sua esposa, Michelle. A tentativa de Bolsonaro de ficar com os
presentes, que, devido ao seu alto valor, deveriam ser encaminhados ao acervo da Presidência da
República, repercutiu na imprensa e chamou a atenção do Tribunal de Contas da União e da Receita
Federal, entre outros órgãos.
Lula enfatizou que o cancelamento do encontro não está relacionado a esse assunto.
“Independentemente das joias, até porque isso não é comigo. Se houver empresários sauditas
interessados em investir no Brasil, o país irá conversar, pois precisamos fazer a economia
brasileira crescer”, destacou. As informações são da Agência CMA.
Revisão: Pedro Carneiro (pedro.carneiro@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Atualizado em: 07/11/2024 17:50