Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na terça-feira (15), apontaram número recorde no abate de suínos no Brasil. O resultado da pesquisa, aliado a alta nos preços do suíno vivo registrada nas últimas semanas em todo o país, confirmam a boa fase da suinocultura brasileira.
Segundo a Pesquisa Trimestral de Abate de Animais feita pelo IBGE, no segundo trimestre de 2015 foram abatidos 9,7 milhões de animais, 5,7% a mais do que no mesmo período do ano passado e 5,8% a mais do que no primeiro trimestre deste ano. O estudo também apontou que o peso total das carcaças abatidas chegou a 860,2 mil toneladas, 7,7% superior ao mesmo período do ano passado e 8,3% a mais do que no primeiro trimestre deste ano. A região Sul respondeu por 66,3% do total de abates deste tipo de animal.
De acordo com Fabiano Coser, analista de mercado de suínos, o aumento da oferta do produto reflete o crescimento da demanda de mercado. “Em 2013 tivemos uma redução muito grande da oferta devido à crise que o setor enfrentou em 2012. No entanto, o atual momento pelo qual passa a suinocultura brasileira, com a alta dos preços, implica no aumento da oferta. Então, vale ressaltar que no atual cenário esse crescimento no número de abates não significa que está havendo uma super oferta, mas sim um aumento natural que busca atender a demanda de mercado”, explica.
Coser avalia ainda que o aumento da oferta não representa riscos para o setor no futuro, desde que os produtores se preparem para as possíveis variações de mercado. Para tanto, conforme o analista, é preciso aproveitar a boa fase e investir no negócio. “Temos que ter consciência de que esse momento não vai durar para sempre. Por isso, é preciso investir na eficiência da produção com melhorias na gestão, redução de custos, aumento da produtividade e busca por uma maior inserção no mercado, para o negócio permaneça sustentável”, completa.
Quilo do suíno vivo registra alta em todo o país
Após três semanas de alta no quilo do suíno vivo, o diretor executivo da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Nilo de Sá, confere à alta da carne bovina e ao aumento no número de exportações, o crescimento do consumo interno de carne suína. “Esse crescimento traduz uma lógica de mercado de que quando a demanda é maior que a oferta, o valor dos produtos tende a aumentar. Assim, com o crescimento nas exportações, diminui-se a oferta no mercado interno, propiciando também o aumento dos preços”, diz.
Quanto a carne bovina, que além dos preços elevados apresentou quedas de 14,7% no abate em comparação ao primeiro trimestre de 2015, Sá explica que a carne suína tem surgido como segunda opção de fonte proteica. “Mesmo com a crise, as pessoas não deixam de consumir carne. Nesse sentido, com o aumento no preço dos bovinos, os cortes suínos são interessantes ao consumidor pelo custo benefício que oferecem, aliando preço e sabor”, completa Sá.
Aproveitando o momento econômico, o crescimento do consumo interno de carne suína tem sido o principal foco do setor. Dados da ABCS apontam que, apesar de 85% da produção nacional de carne suína ser consumida no próprio país, o valor ainda é considerado baixo, aproximadamente 15kg por pessoa ao ano, se comparado a países como China e Estados Unidos. “Exportar é extremamente importante para o equilíbrio da cadeia. No entanto, não podemos deixar de priorizar o consumo interno, considerando que os brasileiros ainda consomem pouca carne suína quando comparado a outros países. Por isso, precisamos continuar estimulando nosso mercado interno a conhecer a qualidade do nosso produto e consumi-lo mais”, completa Nilo de Sá.
O otimismo do setor suinícola brasileiro cresce ainda mais quando analisados os números de exportações. De julho a agosto de 2014, o país exportou 70 mil toneladas de carne in natura. Em 2015, nesse mesmo período, o saldo das exportações chegou a 97 mil toneladas, registrando um crescimento de 39%. Entre os fatores que influenciam esse crescimento está a alta do dólar, que tem refletido na queda de exportações nos Estados Unidos e propiciado a compra dos suínos brasileiros, além do aumento de exportações para a Rússia.
Em São Paulo, a Bolsa registrou um aumento de 11,5% no preço do suíno vivo, com o kg saltando de R$ 3,85 para R$ 4,59, em apenas 14 dias. Para a produtora Sandra Brunelli, o bom momento serve para a correção dos preços do mercado interno. “Com o aumento do dólar, os preços de grãos e matérias primas aumentaram muito os custos de produção. Dessa forma, esperamos que a alta das exportações continue a alavancar os preços internos para que possamos cobrir nossos custos”, opina.
O vice-presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas (Asemg), José Arnaldo Penna, onde o kg do suíno vivo alcançou a marca de R$ 4,45, o momento tranquiliza os produtores. “Estamos otimistas quanto ao futuro do nosso setor, pois além do momento propício, em que felizmente temos uma demanda grande tanto de exportações como de mercado interno, temos procurado fortalecer a cadeia por meio de ações que divulguem a qualidade e saudabilidade do nosso produto”.
No Rio Grande do Sul, os produtores também estão esperançosos. Com o preço do suíno vivo a R$ 4,04, o produtor Mauro Gobbi aposta em final de ano com saldo positivo. “Tendo em vista a proximidade do fim do ano, em que há um aumento natural do consumo de carne suína, e com a demanda estando maior que a oferta, esperamos que o ano encerre com sobras”.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 07/11/2024 17:50