Agroindústrias e Cooperativas

JBS planeja ganhar força na Europa

18 de setembro de 2015
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À espera da conclusão das aquisições da irlandesa Moy Park e dos ativos de carne suína da Cargill nos EUA, a JBS já se prepara para um novo salto no tabuleiro global de carnes e alimentos processados. Líder na produção mundial de proteína animal, com presença marcante nas Américas e na Oceania, a companhia vislumbra ser igualmente relevante também na Europa, e mais à frente, na Ásia.

A estrutura para esse novo avanço começou a tomar forma na segunda-feira, quando a empresa anunciou a criação de dois cargos em âmbito global: a presidência de operações e a presidência de marketing e inovação. “É relativamente simples. A companhia está crescendo. É uma operação complexa e pensamos em continuar crescendo”, disse em entrevista exclusiva ao Valor o CEO global da JBS, Wesley Batista.

E como é praxe na história da JBS – cuja receita aumentou dez vezes desde 2007, chegando a cerca de R$ 140 bilhões -, o crescimento deve se dar notadamente via aquisições. “Logicamente, tudo no momento certo, na hora certa. Mas já falei algumas vezes: faz parte do nosso DNA”, afirmou o empresário.

Desta vez, o objetivo é avançar nas áreas de frango e suíno, e sobretudo com alimentos processados à base de carnes e com marca. “Quando a gente olha cinco anos para frente, a JBS claramente se candidata a ser um ‘player’ global de alimentos [e não apenas proteínas]”, ressaltou Batista. Não à toa, foram criadas presidências nessas frentes.

Na presidência global de operações, estará o atual CEO da subsidiária JBS Foods, Gilberto Tomazoni, executivo que liderou a reestruturação da Seara, marca que agora vem ganhando fatias do mercado de alimentos processados no país.

Na presidência global de marketing e inovação, assume o egípcio Tarek Farahat, que presidia a P&G na América Latina. “O Tarek tem experiência de 26 anos em uma empresa em que o coração do negócio é marca”, disse Batista. E não só. O executivo conhece bem a JBS. Há dois anos, integra o conselho de administração da empresa e preside seu comitê de marketing.

Com a aquisição da Moy Park da brasileira Marfrig – a expectativa é que a transação seja concluída até o fim do ano -, a JBS terá a “base” que precisava para crescer na Europa. Na avaliação do empresário, para estruturar a plataforma de produção na comunidade europeia, era essencial contar com operação no Reino Unido ou na Alemanha, dada a melhor perspectiva desses países.

Com a Moy Park, o Reino Unido foi o escolhido. “A Moy Park é aquela fundação para você construir uma plataforma maior do que é, e nossa intenção é essa”, explicou o CEO da JBS. Com receita líquida equivalente a R$ 5,5 bilhões no ano passado, a companhia irlandesa é a segunda maior produtora de carne de frango do Reino Unido e também tem fábricas na França.

Do Reino Unido, a JBS pretende irradiar sua presença na Europa, e há diversas oportunidades de aquisição no setor de alimentos processados em países como a própria França, Itália e Espanha, observou o empresário, descartando os países do Leste Europeu. No horizonte de médio prazo da JBS, também está a produção de carne suína na Europa. “A Moy Park não tem suínos. Então, pode ser que um eventual movimento em suínos faça sentido”, afirmou.

No negócio de carne bovina, segmento de origem da JBS, a empresa já está onde pretendia: América do Norte, América do Sul e Oceania. Nessas regiões estão os três maiores exportadores de carne bovina do mundo: EUA, Brasil e Austrália. “Já somos os principais operadores nos mercados em que queríamos atuar. Para nós, não faz sentido ter operação de bovinos na Europa”, afirmou.

Apesar de não abater bovinos e tampouco desejar fazê-lo na Europa, a JBS mantém unidades de processamento de carne bovina na Itália e lidera o mercado de bresaola (carne bovina curada) com a Rigamonti. A presença da JBS na Itália e, consequentemente na Europa, poderia até ser maior hoje não fosse a disputa em torno da italiana Inalca – a empresa brasileira se desfez da participação na italiana após desentendimentos com os sócios em 2011.

Para além da Europa, a JBS ainda vê espaço para aquisições na América do Norte. Só depois disso, vem a Ásia, de certa maneira completando o “mapa múndi” da JBS. “A Europa e a América do Norte estão no horizonte mais próximo. A Ásia é mais à frente”, disse Batista. Mas ele não tem dúvidas de que a Ásia também deve ser uma das “plataformas de produção” da empresa.

Em relação ao Brasil, onde sofreu com a forte queda as exportações de e compressão das margens no negócio de bovinos (JBS Mercosul), Batista se diz mais otimista do que no primeiro semestre. “Em que pese a economia estar enfrentando desafios maiores, do ponto de vista de bovinos a [situação] equalizou e até melhorou”. De acordo com ele, o consumo de carne bovina se estabilizou.

Melhor ainda é a situação da JBS Foods, dona da marca Seara. Tanto a demanda do mercado doméstico quando no mercado externo por carne de frango está aquecida. E mesmo em alimentos processados, onde a concorrência está mais acirrada, as vendas crescem e a empresa vem ganhando participação.

Empresário faz ressalvas a plano fiscal

O plano fiscal proposto nesta semana pelo governo federal está “desbalanceado” devido à maior ênfase no aumento de impostos, de acordo com o CEO da JBS, Wesley Batista. “Essa é a reclamação do setor privado”.

O empresário reconheceu que, “no fundo”, é inevitável que o ajuste fiscal implique aumento de tributos e o setor privado sabe que terá de “arcar” com uma parte disso. “Mas o tamanho é um incômodo”, disse Batista, em alusão à diferença entre o corte de gastos (R$ 26 bilhões) e o aumento de tributos (R$ 45,7 bilhões) do plano anunciado na segunda-feira.

Na avaliação de Batista, o desafio do Brasil é “duplo”. Internamente, a situação política conturbada prejudica avanços tanto na resolução da atual quadro fiscal quanto nas reformas estruturais prementes. “A reforma tributária passou da hora. O sistema tributário está ficando insuportável”, afirmou. Na área trabalhista, uma reforma que reduza o número de contenciosos também é necessária, acrescentou o empresário.

A outra fase do desafio “duplo” é externa e remete ao fim do superciclo de alta commodities e à recuperação dos EUA culminando com a valorização do dólar e depreciação das moedas dos emergentes. Nesse contexto, Batista reafirmou a política de hedge da empresa, de proteger toda exposição ao dólar. “É questão de prudência. O risco cambial é desproporcional ao custo do [hedge].

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Dália Alimentos* - base leitão

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Alibem - base suíno leitão

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Estrela Alimentos - base leitão

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Pamplona* base suíno leitão

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