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MILHO: Brasil se torna o maior exportador e escassez vai atrapalhar SC

7 de janeiro de 2020
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Porto Alegre, 7 de janeiro de 2020 – O Brasil tornou-se em 2019 o maior
exportador de milho do Planeta com o embarque de 44,9 milhões de toneladas, um
crescimento de 88% em relação ao ano anterior. Superou até os Estados Unidos.
Esse status tem duas faces: uma é a boa remuneração dos produtores de
grãos; a outra, é o encarecimento dos custos para os criadores de aves e de
suínos de Santa Catarina. A cotação na BMF/SC já está em mais de R$ 50,00 a
saca. Essa situação confirma as previsões que a Federação da Agricultura e
Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC) fez em setembro passado sobre a
escassez de milho no mercado interno brasileiro em 2020.

“É uma situação que tem dois lados, enquanto beneficia o plantador de
milho, ameaça acarretar sérios prejuízos para as cadeias produtivas da
proteína animal e para o parque agroindustrial”, analisa o vice-presidente da
FAESC Enori Barbieri, ex-secretário de Estado da Agricultura.

A insuficiência de milho será decorrência de fatores naturais (seca,
queimadas, atraso no plantio e redução de área cultivada) e econômicos
(aumento das exportações do grão em face da situação cambial favorável). A
tendência é de quadro de oferta apertado em relação à demanda. Por isso, o
mercado brasileiro de milho inicia 2020 com perspectiva de preços firmes pelo
menos para este primeiro semestre. Neste ano, a produção brasileira de milho
está estimada em 104,135 milhões de toneladas, com queda de 3% em relação ao
resultado de 2019 (107,375 milhões de toneladas).

O dirigente expõe que a situação cambial estimula a venda externa e a
exportação, enxuga o mercado interno e, portanto, o milho-grão fica mais
escasso e mais caro. “Ficou difícil segurar o produto no País com a
cotação internacional e, por isso, a fuga de grãos continua”.

O presidente da FAESC José Zeferino Pedrozo – que também é
vice-presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA) – já levou o assunto a Brasília.

A saída será ampliar as importações de milho da Argentina – que
produz 50 milhões de toneladas e tem baixo consumo interno. Porém, o governo
argentino decidiu tributar as exportações agrícolas, fato que encarecerá o
preço final desse grão.

Além disso, deve prosperar a chamada Rota do Milho que ligará o oeste
catarinense com a região produtora do Paraguai. Esse país-membro do Mercosul
produz 5,5 milhões de toneladas, mas pode chegar a 15 milhões com o estímulo
das importações brasileiras, acredita a Faesc.

Barbieri assinala que a redução no plantio em Santa Catarina e no Brasil
está claramente detectada pela Faesc. “A situação será difícil em 2020 e
já deve faltar milho no primeiro semestre. O cenário é preocupante porque, da
demanda total, 96% destinam-se à nutrição animal, principalmente dos
plantéis de aves e suínos.”

DEPENDENCIA PERIGOSA

O mercado interno ficará dependente da segunda safra (a “safrinha”), a
ser colhida em julho, que responde por 70% da produção total de milho. A
safra dependerá totalmente do clima e, se as chuvas não forem suficientes, o
quadro de oferta e demanda ficará extremamente desequilibrado. A agroindústria
espera que a segunda safra de milho garanta o abastecimento no segundo
semestre, regularizando o cenário de oferta.

Em resumo, explica Barbieri, o Brasil ficará dependente de três
variáveis incontroláveis: o clima para esta “safrinha”, o clima para a
safra norte-americana e o fluxo de exportações no segundo semestre. Em face da
estiagem, produtores de milho do Rio Grande do Sul já registram perdas de até
15%. Por outro lado, a seca que atinge o Paraná atrasará em 30 dias a
colheita e a “safrinha” somente será colhida em julho. Para agravar, 5
milhões de toneladas serão transformados em etanol de milho no centro-oeste do
Brasil, o que reduzirá ainda mais a disponibilidade do grão neste ano.

Em função do clima, ainda não é possível avaliar o volume de
produção previsto para a “safrinha” de 2020 do Brasil e para a safra
norte-americana, mas é certo que esses fatores influenciarão a formação de
preços do milho na Bolsa de Chicago e no mercado interno.

VULNERABILIDADE

O Brasil iniciou 2020 muito vulnerável, com estoques baixos e totalmente
dependente do clima. A preocupação da FAESC é coerente com a previsão para
Santa Catarina que o Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri
(Epagri/Cepa) divulgou. Ela indica que o milho-grão total (primeira e segunda
safras) enfrentará queda de 1,07% na área plantada, de 3,16% do volume
produzido e de 2,12% na produtividade em relação à safra anterior. Essa é
uma tendência nacional.

Em Santa Catarina, o déficit de milho – que agora chegará a 4,5
milhões de toneladas/ano – é suprido pelas importações interestaduais de
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, além das importações da Argentina
e do Paraguai.

A soja é a principal concorrente em área com o milho no Estado. A
constante valorização do preço da soja e a forte oscilação nos preços do
milho estimularam a conversão das áreas de milho para o plantio da soja,
principalmente nas regiões oeste e meio-oeste. Desde 2012/2013 a área
destinada às lavouras de milho-grão reduziu-se em mais de 150 mil hectares.
Por outro lado, o crescimento da área cultivada para a produção de
milho-silagem é outro fator que reduz a oferta de milho-grão para a
suinocultura e a avicultura. Com informações da assessoria de imprensa da
FAESC.

Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS

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