Porto Alegre, 17 de abril de 2020 – A falta de chuvas que assola
praticamente todas as regiões do Paraná chegou a níveis preocupantes. Dados
do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) apontam
que a ocorrência de índices pluviométricos abaixo das médias históricas já
se arrasta por dez meses – de junho de 2019 a março de 2020 -, na região das
nove maiores cidades do Estado.
Segundo o Simepar, esta é a pior estiagem já registrada desde 1997, quando
o instituto começou a fazer este tipo de monitoramento. A seca prolongada já
provocou impactos na lavoura de milho safrinha em algumas regiões.
Em regiões do Paraná, como Oeste e Norte, o plantio do milho safrinha foi
feito um pouco mais tardiamente em relação ao período histórico. De um modo
geral, os produtores relatam que a estiagem, combinada à restrição da
umidade, altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar prejudicaram o
desenvolvimento da lavoura. A seca também favoreceu o aparecimento de pragas,
como pulgão, ácaro, cigarrinha do milho e lagarta do cartucho.
“Apesar de não ser uma condição generalizada no Paraná, uma vez que
nas regiões Sudoeste e Central as lavouras se desenvolvem bem com as últimas
chuvas ocorridas, o panorama é preocupante. As regiões mais afetadas, Norte e
Oeste, concentram 71% da produção da segunda safra”, destaca Ana Paula
Kowalski, técnica do Departamento Técnico Econômico (DTE) do Sistema
FAEP/SENAR-PR.
Por todo esse cenário, o produtor rural Nelson Paludo, também presidente
da Comissão Técnica de Cereais, Fibras e Oleaginosas da FAEP, estima que a
produtividade das lavouras de Toledo, no Oeste, deve sofrer redução de um
terço. “As chuvas foram muito desuniformes nas áreas. Já estimamos perda de
30%, isso se tudo correr bem daqui para frente. As plantas estão bastante
afetadas e com porte baixo”, observa.
Um panorama muito semelhante é descrito em Cornélio Procópio, no Norte
do Paraná. Segundo o produtor Marco Geraix, a lavoura de milho safrinha também
sofreu com a escassez e com a falta de regularidade das chuvas e altas
temperaturas. “A estimativa é de perdas entre 20% a 30% para o milho. O porte
das plantas também está baixo”, diz.
Em Pato Branco, na região Sudoeste do Estado, algumas áreas também
enfrentaram estiagem, altas temperaturas e problemas com a umidade. Lá, no
entanto, o grande prejudicado não foi o milho, mas o feijão segunda safra,
segundo os produtores rurais. “Algumas áreas sofreram com a seca e altas
temperaturas de fevereiro. Em geral, a lavoura de milho se desenvolve bem e as
recentes chuvas foram benéficas. O feijão segunda safra sofreu mais”, aponta
Eucir Brocco.
Apesar de a região também ter enfrentado escassez hídrica, em Araruna,
no Noroeste do Paraná, os produtores não relataram problemas significativos.
“O milho se desenvolve bem, sem problemas devido à seca”, afirma o produtor
Vander Furlanetto.
Segundo Ana Paula Kowalski, do Sistema FAEP/SENAR-PR, as perdas de até 30%
nas principais regiões produtoras preocupam, porque as cadeias produtivas da
pecuária estão bastante aquecidas. A comercialização do produto, por sua
vez, segue adiantada. “Mesmo com a produção de etanol fortemente afetada pelo
isolamento social, especialmente nos Estados Unidos, a comercialização de
milho no Brasil segue mais adiantada que em safras anteriores e ainda mantendo
níveis de preços descolados do mercado internacional, dada justamente nossa
demanda interna aquecida”, observa.
Estiagem
Segundo o Simepar, a redução média de precipitação nos últimos dez
meses foi de 33%, considerando o conjunto dos nove maiores municípios do
Paraná: Curitiba, Ponta Grossa (Campos Gerais), Guarapuava (Centro), Maringá
(Noroeste), Londrina (Norte), Foz do Iguaçu (Oeste), Cascavel (Oeste),
Guaratuba (Litoral) e Umuarama (Noroeste).
Em termos proporcionais, Guarapuava foi o município em que o volume de
chuvas mais diminuiu: 47%. Conforme o Simepar, a média pluviométrica
histórica para o período entre junho e março do ano seguinte é de 1533
milímetros, mas no último período só choveu o equivalente a 809 milímetros.
Em março de 2020, por exemplo, as chuvas totalizaram 30 milímetros, ante a
média de 113 para o mês.
Em números absolutos, Curitiba foi a cidade que registrou menos chuva no
período: 725 milímetros. A redução corresponde a 43,1% da média histórica,
que é de 1274 milímetros. Março deste ano também foi o mês mais seco na
capital, com a precipitação de apenas 12 milímetros, em relação à média
história de 127 milímetros.
Na sequência, o termômetro da seca aponta para Ponta Grossa (40% de
diminuição), Foz do Iguaçu (34,7%), Cascavel (33,8%), Umuarama (31,1%),
Londrina (30,5%), Guaratuba (22,7%) e Maringá (15%).
Projeções futuras
Conforme o Simepar, as perspectivas não são favoráveis à ocorrência de
chuva na próxima semana. Em praticamente todo o estado, o ar continua seco, o
que dificulta a formação de nuvens carregadas. Em geral, os dias serão
marcados por grande amplitude térmica, com baixas temperaturas no início do
dia e durante o período noturno, mas com tempo mais quente ao longo do dia.
Os efeitos da escassez de chuva já são visíveis em diversos pontos do
Estado. Nas últimas semanas, vêm circulando na internet fotos de diversos
trechos de rios, como o Iguaçu e o Paraná, mostrando que a vazão dos cursos
dágua está bem menor que o normal. É possível fazer a travessia do Rio
Iguaçu (próximo à Ponte da Amizade) e do Rio Paraná a pé, em alguns
trechos. Em Itaipu, o nível do reservatório chegou a 42% do considerado
normal. Um dos cartões postais da região Oeste, as Cataratas do Iguaçu,
chegaram a ter sua vazão reduzida a 17% do normal. As informações partem da
assessoria de imprensa da FAEP.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Atualizado em: 31/07/2025 11:10