Preços baixos com perspectivas de cotações ainda menores no decorrer dos próximos meses. Pelo menos essa é a avaliação que os produtores mato-grossenses fazem nesse momento quando falam da atual safra de milho, a safrinha, que está em pleno desenvolvimento nas lavouras. Com perspectivas de uma supersafra, com produção recorde – acima de 26,5 milhões de toneladas, o que superaria o volume histórico do ciclo 2012/13 – o mercado emite sinais de pressão de baixa sobre as cotações, e a fatura que poderia ser motivo de celebração, depois de um 2016 de perdas, 2017 que poderia ser a redenção, passa a ser motivo de preocupações.
Essas impressões foram extraídas pelas equipes do Circuito Tecnológico Etapa Milho, evento realizado durante toda essa semana pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja/MT). Mato Grosso é o maior produtor de milho do país e atinge essa marca apenas com a produção de segunda safra.
A perspectiva para a finalização da safra de milho em Mato Grosso não é boa, pelo menos no que diz respeito ao preço dos grãos. A maioria dos agricultores entrevistados se mostrou pessimista.
Conforme dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em média, o mês de abril vai fechando com a cotação do cereal em torno de R$ 15,45 por saca, contra R$ 20,12/sc na mesma época no ano passado.
“A expectativa é de que os preços baixem. Não vamos ter a remuneração do passado, ainda mais com a safra cheia que está se desenhando”, diz Claudio de Bortoli Vibraleto, agricultor em Campo Verde (138 quilômetros ao sul de Cuiabá/MT). Ele foi um dos mais de 200 entrevistados pelas equipes técnicas do Circuito.
Em razão dos preços, a comercialização ainda está baixa nesta safra. No último boletim semanal do Imea, os dados mostravam que 43% da safra de milho estão vendidos de maneira antecipada no Estado. No mesmo período na safra passada, este percentual era de 82%.
De acordo com o gestor técnico do Imea, Ângelo Luís Ozelame, o momento é delicado porque o produtor vem de um cenário de bom preço físico e, no mercado a termo (vendas antecipadas), preço relativamente ruim. “Isso fez com que ele não fizesse a comercialização com uma expectativa de que o preço fosse melhorar. Aliado a isso, a situação da última safra colaborou para o ‘pé no freio’, pois houve alta comercialização e baixa produção, com wash out (instrumento de recompra do compromisso de entrega nos contratos)”, explica.
Ozelame reforça que é essencial que o agricultor saiba o seu custo de produção para comercializar na melhor hora. “Se o preço está dando lucratividade, é importante fazer (a comercialização) de parte da safra para que consiga se proteger de possíveis quedas, como ocorreu no último ano”, afirma.
Com o início do plantio na safra nos Estados Unidos, o mercado mundial volta os olhos para os acontecimentos no Hemisfério Norte e os preços passarão a ser embalados pelas ocorrências e especulações vindas de lá. No chamado ‘mercado de clima’, com o avanço do plantio e desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos, poderá haver ou não bons momentos de preços para novas travas ao milho e a soja no mercado.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 22/11/2024 17:50