Porto Alegre, 8 de junho de 2021 – O milho safrinha está sofrendo os
efeitos do longo período de déficit hídrico, de janeiro a maio de 2021, nos
principais estados produtores brasileiros: São Paulo, Paraná e Mato Grosso do
Sul.
Nas regiões produtoras paulistas, concentradas nos municípios de Assis,
Pedrinhas Paulista, Votuporanga, Guaíra e Capão Bonito, nesse período e em
alguns desses locais, choveu um terço do esperado. Em Votuporanga, por exemplo,
eram esperados cerca de 640 milímetros e foram registrados apenas 280
milímetros nos primeiros cinco meses deste ano, conforme os registros do
Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do
Estado de São Paulo. Essa condição impacta a oferta e os preços, levando
apreensão ao mercado.
De acordo com Angelica Prela Pantano, pesquisadora do IAC, as lavouras
implantadas mais cedo já têm nítido comprometimento do potencial produtivo,
sendo possível observar o baixo desenvolvimento vegetativo no campo. “As mais
tardias, que poderiam se beneficiar das chuvas vindouras, esperadas no final de
maio, também já começam a sentir, pois a chuva aguardada não veio em volume
suficiente para suprir as necessidades da cultura em algumas regiões de
cultivo”, diz a pesquisadora.
Em São Paulo, a maioria das lavouras foi semeada a partir de meados de
fevereiro até a segunda quinzena de março de 2021. No momento do plantio, a
umidade do solo era adequada. Mas, no início de abril as chuvas já foram mais
escassas e a deficiência hídrica acentuou ainda mais em maio, quando houve
muitos dias sem chuvas. Em Assis e Pedrinhas Paulista, por exemplo, praticamente
não choveu em abril. “Decorridos 60 a 90 dias, a maioria das lavouras está
no estádio de florescimento e enchimento de grãos, que são fases críticas
para o desenvolvimento de plantas e a definição da produtividade”, afirma o
pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), Aildson Pereira Duarte.
Algumas localidades paulistas tiveram volumes pluviométricos considerados
satisfatórios nos primeiros meses do ano, situação que ficou diferente a
partir de março. “O longo período de déficit hídrico, que começou já em
fevereiro e vem se estendendo até maio, prejudica o desenvolvimento da cultura
e compromete a produtividade do milho safrinha, que pode cair na maioria dos
estados produtores”, diz Angélica.
Segundo Duarte, a situação é grave nas regiões Norte e Noroeste do
Estado, onde as temperaturas são mais elevadas, ultrapassando 30 C,
aumentando a demanda de água pelas plantas. Lá, não ocorrem chuvas desde o
terceiro decêndio de março, quando eram esperados 130 a 150 milímetros de
chuva. Porém, em Guaíra, Pindorama e outras poucas localidades choveu 20 a 30
milímetros, no período de 16 a 18 de abril, amenizando um pouco o estresse
hídrico das plantas.
“Em algumas lavouras e dependendo do híbrido, houve comprometimento da
polinização pela falta de pólen para fertilizar as anteras receptivas da
espiga, ou “cabelo” do milho. Mesmo quando houve polinização, a tendência
é que os grãos da ponta da espiga fiquem chochos e os demais com peso
reduzido”, adianta Duarte.
Na região do Médio Vale do Paranapanema, na divisa com o Paraná, onde
está concentrada a maior área de milho safrinha de São Paulo, as temperaturas
foram mais amenas, em média de 22 a 25oC.
Segundo Aildson e Angelica, o desenvolvimento da cultura é satisfatório
apenas no Alto Paranapanema, região de Capão Bonito, por exemplo, onde
predominam temperaturas médias, entre 18 e 23oC, e ocorreram chuvas mais
volumosas em março. “Assim, na maioria das lavouras, observamos sintomas de
deficiência hídrica desde o estádio vegetativo, como a perda de turgidez e/ou
enrolamento das folhas e a seca das folhas inferiores”, explica Duarte.
As chuvas ocorridas no Médio Paranapanema, na divisa dos estados de São
Paulo e Paraná, nos dias 30 e 31 de maio, aliviaram a situação
especificamente naquela região. Os volumes totais variaram de 50 a 80
milímetros. Mas, de acordo com as agências de previsão do tempo, as chuvas
não devem ser volumosas nos meses de junho a agosto. “Isso pode agravar ainda
mais a situação de cultivo do milho safrinha na região Norte/Noroeste do
estado de São Paulo, comprometendo parte da safra 2021”, alerta a
pesquisadora.
Tecnologias adequadas melhoram a tolerância à seca
O Instituto Agronômico (IAC) disponibiliza tecnologias que auxiliam a
cultura a tolerar a seca. Duarte orienta que o adequado manejo do solo e o uso
de cultivares tolerantes à seca estão contribuindo para reduzir as perdas de
produtividade pela deficiência hídrica. “É nítida a diferença do efeito da
seca entre cultivares de ciclos semelhantes e entre lavouras vizinhas
implantadas na mesma época. Destaca-se o bom aspecto visual do milho safrinha
nas áreas com rotação culturas e/ou histórico de plantas de cobertura em
anos anteriores, relata o pesquisador.
As informações partem da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do
Governo de São Paulo.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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Atualizado em: 08/05/2025 09:40