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MSD: Streptococcus suis e sua correlação com as estações do ano

31 de março de 2022
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*Por César Feronato, médico-veterinário e gerente técnico da unidade de Suinocultura da MSD Saúde Animal.

O Streptococcus suis é uma bactéria gram +, coco, alfa hemolítico. É considerado um agente endêmico nas granjas de suínos, causando desde artrite em leitões, meningite (mais conhecida nas granjas como encefalite), onfaloflebite (infecção do umbigo), infecções gênito-urinárias em fêmeas suínas, polisserosite, septicemia, até morte súbita. No Brasil, o Streptococcus suis também é perigoso como agente secundário a doenças virais, como Influenza e Circovirose.

Até o momento, já foram identificados 35 sorotipos, sendo o sorotipo 2 considerado o mais virulento dentre os isolados. No entanto, laboratórios de diagnósticos oficiais no Brasil têm relatado um aumento considerável de isolados do sorotipo 9, correlacionando a severos casos clínicos associados a infecções concomitantes por outros patógenos, o que tem despertado atenção especial sobre esse sorotipo.

As estações do ano

Todos os anos, quando chegamos ao outono, com a redução da temperatura e o maior fechamento natural das instalações, o contágio da bactéria aumenta, proporcionalmente à contaminação e à pressão de infecção de cada ambiente.

Podemos dizer que o aumento das ocorrências de Streptococcus suis são sazonais, ou seja, aumentam em determinadas épocas do ano, influenciadas pela mudança do clima quente para o frio e as alterações no manejo, com o maior fechamento de cortinas e a redução da ventilação nas salas de maternidade e, principalmente, de creche.

Por outro lado, há relatos de graves surtos das doenças causadas pelo Streptococcus suis em pleno verão, no mês de janeiro, no sul do Brasil, principalmente no estado do Paraná, em sistemas de crechário. Muito provável pelo aumento na pressão de infecção decorrente de mistura entre muitas origens e excesso de lotação das instalações, bem como ausência de vazio sanitário adequado.

Fatores predisponentes à infecção pelo Streptococcus suis

As fêmeas suínas portadoras podem infectar os leitões já na via do parto, mas a infecção ocorre, sobretudo, por via respiratória, pelo contato oronasal entre porca/leitão ou leitão/leitão, além da aspiração de partículas bacterianas presentes no ar, decorrentes da alta pressão de contaminação do ambiente e dos manejos dos leitões. Amarração e desinfecção do umbigo, corte ou desgaste dos dentes, falta do corte ou desgaste dos dentes (lesões na boca dos leitões e no úbere das fêmeas), corte da cauda (com ou sem cauterização), mossagem (com ou sem cauterização) e castração (quando praticada) determinam o nível de contaminação dos leitões pelo Streptococcus suis e o desenvolvimento de várias doenças causadas pela bactéria, especialmente as artrites, encefalites e mortes súbita.

Medidas de prevenção, tratamento e controle

Prevenção

A melhor prevenção é o manejo adequado dos leitões nos primeiros dias de vida, com a adoção dos melhores manejos – aqueles com os maiores benefícios para os leitões – e o uso de equipamentos apropriados, que previnam a infecção.

A melhoria na limpeza, a desinfecção e o vazio sanitário das instalações minimizam ou evitam a maior infecção pelo Streptococcus suis e demais agentes presentes na granja. É importante obedecer a todos os passos da correta desinfecção: eliminação da matéria orgânica (100%); eliminação das gorduras de superfícies (biofilme), com o uso dos detergentes; escolha do melhor desinfetante (amplo espectro); e aplicação da quantidade e diluição corretas de cada produto desinfetante.

Os cuidados na primeira mamada, priorizando a ingestão do colostro, é fundamental aos leitões, sobretudo nas primeiras horas e nas primeiras vinte e quatro horas da vida dos leitões, para a maior absorção dos anticorpos e proteção contra todos os agentes virais e bacterianos, incluindo o Streptococcus suis.

Tratamento

O antibiótico de eleição para o tratamento do Streptococcus suis é a amoxicilina. Como é excessivamente utilizada na suinocultura brasileira, apesar de ser uma penicilina sintética, já apresenta resistência bacteriana ao Streptococcus suis – observados nos antibiogramas – e ineficácia de ação em muitos casos. No entanto, para a melhor escolha do antimicrobiano a ser adotado, torna-se de extrema importância a realização de antibiograma, para detectar qual a sensibilidade do agente ao antimicrobiano testado, e a realização de MIC (Minimum Inhibitory Concentration) para as drogas sugestivas para esse agente.

Para tratamento via aplicação injetável são utilizadas as penicilinas sintéticas: a amoxicilina e ampicilina, o ceftiofur (alguns produtos comerciais apresentam melhores resultados, talvez pelas diferenças nos veículos utilizados) e outras penicilinas naturais.

Vacinação

Os suínos podem ser protegidos com a injeção de um componente da bactéria (sub-unidade), uma bactéria viva-atenuada ou uma bactéria morta (inativada). No Brasil, encontramos uma única vacina comercial disponível (MSD Saúde Animal), exclusiva para o sorotipo 2 (bactéria inativada, indicada para porcas e leitões). Sua formulação garante a possibilidade de imunização do plantel de reprodutoras, o que permite altos títulos de anticorpos contra o agente no colostro, promovendo proteção nas primeiras semanas de cida dos leitões. Outro ponto de destaque é a imunização ativa dos leitões a partir da segunda semana de vida, com um reforço 2-3 semanas após a primeira imunização, garantindo proteção em toda fase de creche, que é a mais acometida pela enfermidade.

Considerações finais

– O Streptococcus suis é um grande desafio e torna-se maior à medida que a falta dos manejos adequados podem transformá-lo em uma superbactéria, resistente aos antibióticos.
– O Streptococcus suis apresenta sazonalidade, com a prevalência maior no início do outono/inverno, com a redução da ventilação nas instalações, no entanto, outros fatores podem desencadear o problema em qualquer época do ano, inclusive nos meses de verão.
– As vacinas comerciais disponíveis ajudam, porém não são absolutas no controle das doenças causadas pelo Streptococcus suis, devido à variedade de sorotipos presentes (35), por isso a importância das melhorias no manejo, que podem ser decisivas no controle.
– A melhoria do manejo de limpeza e desinfecção das instalações, o aumento do vazio sanitário e dos manejos nos primeiros dias com os leitões, associados à vacinação e medicação específica, demonstram ser eficazes no controle das doenças causadas pelo Streptococcus suis, salvo em situações extremas, em que outras medidas, como segregação de leitões por origem em pirâmides, são também necessárias.

Referências bibliográficas:

Artigo Streptococcus suis: a importância da sazonalidade na ocorrência das doenças causadas pela bactéria – Blog Agroceres Multimix – CLIQUE AQUI

SEGURA, M. Á procura de uma solução para o Streptococcus suis. Artigo publicado em agosto de 2019, site 3tres3, A página do suíno.

SANTOS, J. L.; BARCELLOS, D. Meningite estreptocócica. Doenças dos Suínos, 2007.
CEDISA, laboratório de diagnóstico. Concórdia – SC. 2018.

BARCELLOS, D.E.S.N.; BOROWSKI, S.M.; ALMEIDA, M. N. Anais do XIII congresso ABRAVES.

Fonte: MSD

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