Agronegócio

Perdas na agricultura chegam a R$ 5 milhões, segundo a Emater

21 de outubro de 2015
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Na Travessa das Chácaras, no bairro Fátima, as hortaliças estão podres nas vergas. As lonas pretas sobre os montes de terra produtiva estão todas furadas após o bombardeio das pedras na semana passada. Até mesmo os canos utilizados para a irrigação foram quebrados pela violência do granizo. Aconteceu o mesmo com o telhado e com as vidraças do banheiro da casa da família Zudrever. A residência está lonada, mas as telhas não foram recolocadas por medo do retorno do temporal.
Em 50 anos, nunca tinha ficado tão ruim. Os olhos de um azul intenso da agricultora Elaine, 52, ficam marejados só de mirar o tomate ainda verde e a chicória apodrecidos. “Olha ali, a alface americana nos renderia R$ 14 uma bandeja com 120 pés, mas foi destruída”, lamenta. Segundo ela, o pepino e até a beterraba (que fica escondida debaixo da terra) estão em péssima situação. “Ninguém compra nada da gente neste estado. Não sobrou nada para vender, perdemos tudo”, aponta. Os Zudrever tem lavoura também no Mato Grande e lá a situação é ainda pior. O acesso à propriedade foi engolido.
De acordo com a Emater, os prejuízos em Nova Santa Rita e Canoas juntas superam os R$ 5 milhões. O agrônomo da entidade, Roberto Schenkel, que presta assistência a 30 propriedades espalhadas pelos bairros Fátima e Mato Grande, estima em perdas de 90% da produção. “Algumas folhosas podem se recuperar, mas as lavouras estão saturadas de água e o mau tempo pode impedir o novo ciclo em 90 dias”, destaca. “A maioria não tem financiamento do Pronaf, ficou sem seguro, e não tem a cobertura dos prejuízos”. Se chover piora, mas se a lavoura encharcada receber muito sol, os brotos ressecam. As folhas furadas estragam mais rápido e junto com a feiúra das hortaliças o preço de venda baixa.
Nova Santa Rita

Em Nova Santa Rita, a estimativa é de 80% da produção esteja perdida. Os agricultores trabalham pouco com as folhosas. “Repolho, brócolis, abobrinha e moranga se conseguiu colher, mas não darão fruto de novo”, destaca a agrônoma da Emater, Caroline Kolinski de Lima. Do melão, sobrou pouco. “Pepino e moranga estão com cicatriz e a Ceasa avalia como de segunda categoria.” O granizo impediu o rebrote, pois a cidade trabalha com o plantio de campo e não com estufa. “Por uma questão cultural as famílias não fazem financiamento e ficam sem o seguro quando precisam”, explica Caroline. “Desde o fim de semana está uma corrida contra o tempo para salvar o que dá”.

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