Porto Alegre, 29 de outubro de 2018 – O candidato Jair Bolsonaro (PSL)
venceu o segundo turno das eleições e será o próximo presidente do Brasil,
derrotando seu rival Fernando Haddad (PT) por uma ampla margem e consolidando
uma virada conservadora na política do país.
Com o processo de contagem de votos praticamente completo, Bolsonaro tinha
55,17% dos votos válidos, enquanto Haddad tinha 44,83%. Os números excluem
abstenções e votos nulos e brancos.
O resultado da eleição foi levemente diferente do apontado pelas
pesquisas de intenção de voto, que apontava uma vantagem maior de Bolsonaro em
relação a Haddad. No entanto, assim como no primeiro turno, o candidato do
PSL capturou votos de Estados da Região Norte – que tradicionalmente favoreciam
o PT – e teve apoio significativo nos Estados do Sul e Sudeste.
Militar da reserva, Bolsonaro conquistou eleitores criticando os governos
do PT e adotando uma retórica de tolerância zero com os criminosos e
corruptos. Ele e seus apoiadores consideram que o Brasil está caminhando para
uma situação semelhante à da Venezuela por causa de erros das
administrações anteriores e que para evitar este cenário é preciso eleger um
governo conservador.
Em seu discurso da vitória, Bolsonaro prometeu que seu governo será
democrático e constitucional – uma tentativa de rebater as críticas vindas da
oposição, que acusa o ex-deputado de autoritarismo e de defender a ditadura
militar.
Bolsonaro recusa-se a reconhecer que houve um golpe militar na década de
1960 e declarou mais de uma vez sua admiração por Carlos Alberto Ustra, um
torturador do regime militar. Ele também disse que o grande erro do regime
militar foi torturar e não matar quem era contrário à ditadura.
Ontem, porém, nenhum destes assuntos foi mencionado no discurso da
vitória. Bolsonaro disse que é um “defensor da liberdade” e que defenderia e
protegeria os direitos dos cidadãos. “[As leis] são para todos, porque é
assim que será o nosso governo: constitucional e democrático.”
O presidente-eleito também preferiu não fazer menção a comentários
misóginos, homofóbicos e racistas em seu discurso. Em vez disso, enfatizou que
lutaria pela liberdade.
“Faço de vocês minhas testemunhas de que este governo será defensor da
Constituição, da democracia e da liberdade”, disse ele. “Liberdade é um
princípio fundamental. A liberdade de ir e vir, de andar nas ruas, de
empreender, a liberdade política e religiosa, a liberdade de formar e ter
opinião, de fazer escolhas e ser respeitado por elas”, acrescentou.
Em ocasiões anteriores, Bolsonaro indicou que preferiria ter um filho
morto a um filho homossexual e disse que o motivo pelo qual não conseguiu ter
só filhos homens foi porque deu uma “fraquejada”. Ele tem quatro filhos e uma
filha.
O presidente-eleito também se recusou anteriormente a reconhecer as
implicações negativas da escravidão no Brasil e considera que o governo não
tem responsabilidade em fazer compensações por isso. “Que dívida histórica
é essa que temos com os negros? Eu nunca escravizei ninguém”, disse ele em
entrevista em meados deste ano.
MENOS BRASILIA E MAIS BRASIL
O mercado financeiro esperava a vitória de Bolsonaro e deve comemorar o
resultado nas urnas. Investidores apostam que seu governo terá efeitos
positivos para a economia porque inclui reformas consideradas essenciais para
retomar a atividade econômica.
Muitas das propostas, porém, exigirão aprovação do Congresso – com
destaque para a reforma da Previdência, a privatização de estatais e a
aceleração no processo de consolidação fiscal.
“O governo federal dará um passo atrás, reduzindo sua estrutura e
burocracia, cortando privilégios, para que as pessoas possam dar passo à
frente. Vamos confiar na pessoa, simplificar, permitir que o cidadão,
empreendedor, tenha mais liberdade para criar. Vamos desamarrar. O governo
respeitará de verdade a federação. As pessoas vivem nos municípios.
Colocaremos de pé a federação brasileira. Neste sentido é que repetimos mais
Brasil e menos Brasilia.
“Emprego, renda e equilíbrio fiscal é o nosso compromisso para ficarmos
mais próximos de oportunidades e trabalho para todos. Quebraremos o círculo
vicioso do crescimento da dívida, substituindo-a pelo círculo virtuoso de
menos déficits, dívida decrescente e juros mais baixos. Isso estimulará os
investimentos, o crescimento e a consequente geração de emprego. O déficit
público primário precisa ser eliminado o mais rápido possível e convertido
em superávit. Este é o nosso propósito.”
Até o momento, o PSL, partido de Bolsonaro, possui uma das maiores
bancadas da Câmara dos Deputados e o apoio de alas conservadoras da Casa, mas
carece de maioria. No Senado, o partido também não possui a maioria dos
assentos, o que exigiria negociações com outros partidos para aprovar as
propostas do plano de governo. Com informações da Agência CMA.
Revisão: Arno Baasch (arno@safras.com.br) / Agência SAFRAS
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