O percurso de cinco dias entre Dourados, no sudoeste de Mato Grosso do Sul, e Goiânia deu uma mostra das condições pouco favoráveis das lavouras de milho na região, o que tende a manter a pressão sobre as margens dos pecuaristas que utilizam o grão no confinamento e, principalmente, dos produtores de aves e suínos.
Produtor de gado em Poxoréu (MT) e de milho em Paranatinga, na região leste de Mato Grosso, Anderson Zanetti já conta com uma quebra de 75%. “Plantei mais de 2 mil hectares e vou colher em torno de 500 hectares. E, do jeito que perdemos, a grande maioria perdeu”, lamentou ele.
Nesse contexto, é menos provável que os preços do milho recuem a ponto de recompor a rentabilidade dos pecuaristas. “Não há tendência de baixa do milho”, afirmou Zanetti.
A avaliação é reforçada pelo sócio da Agroconsult, André Debastiani. De acordo com ele, a consultoria trabalhava com um cenário de preços estáveis, com o grão próximo de R$ 40 por saca. “Mas agora, com a confirmação de quebra de safra, você fomenta o preço do milho”, afirmou, durante evento com produtores realizado pelo Rally da Pecuária no início de maio. No acumulado de 2016, o indicador Esalq/BM&F Bovespa para o milho em São Paulo registrou valorização de 43,8%, a R$ 52,97 por saca.
Para Debastiani, a quebra da safra de milho foi um risco assumido pelos agricultores, uma vez que o plantio do cereal ocorreu mais tarde do que o habitual devido ao atraso na colheita de soja.
Segundo ele, é normal plantar milho até fevereiro, mas neste ano houve plantio até o fim de março. Como o clima não ajudou, houve quebra de safra. Em seu último relatório mensal, divulgado em maio, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) cortou a estimativa para a colheita de milho de inverno em 7,4%, de 57,1 milhões de toneladas para 52,9 milhões de toneladas.
A quebra da safra de milho pode, inclusive, dificultar o abastecimento e afetar os produtores que estão ingressando no sistema de confinamento pasto. “Pode ser que não encontrem milho”, afirmou o coordenador de pecuária da Agroconsult, Maurício Nogueira, lembrando que já há relatos de escassez do cereal em granjas de frango.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 22/11/2024 17:50