As vendas da safra 2013/14 de milho têm evoluído lentamente no Brasil. Capitalizados após seguidas safras de boas rentabilidades, especialmente com a soja, os produtores não se deram por satisfeitos com o repique de preços do grão no começo do ano e resolveram reter a comercialização, na expectativa de uma reação adicional das cotações. Na ponta oposta da cadeia, os compradores também se sentiram estimulados a postergar o fechamento de novos contratos, à espera de que as cotações recuem às vésperas do início da colheita da segunda safra de milho.
De acordo com Paulo Molinari, consultor da Safras & Mercado, entre 65% e 70% da primeira safra de 2013/14 foi negociada no Brasil, ante mais de 80% há um ano. Em relação à segunda safra (safrinha), a estimativa é de que estejam comprometidas 20% da produção prevista, metade do registrado no mesmo período de 2013. “Viemos de preços recordes no fim de 2012 com a quebra de safra nos EUA, o que incentivou os produtores brasileiros a anteciparem as vendas. Esse ano tivemos o contrário: entramos em 2014 com uma safra recorde americana e cotações mais baixas, que tiraram o ânimo das negociações”, explicou.
O milho chegou a registrar valorizações especialmente entre o fim de fevereiro e início de março, influenciado pelas tensões com o atraso do plantio em Mato Grosso (que sofreu com chuvas em excesso) e a perspectiva de queda na semeadura da safra 2014/15 nos EUA. Contudo, as cotações voltaram a arrefecer.
No Paraná, segundo maior produtor de milho do país, houve uma valorização de quase 20% nos preços do grão no acumulado do ano até abril, para uma média de pouco mais de R$ 23 por saca. Mas, nas primeiras semanas de maio, esse valor já recuou cerca de 9%, para a casa de R$ 21 por saca, pressionado pela proximidade da colheita da safrinha, que ganhará força nas próximas semanas. “Apesar da previsão de menor área plantada nos EUA e do atraso na semeadura naquele país, há também uma expectativa de boa safra do grão por lá, o que ajuda a puxar os preços para baixo aqui”, diz Juliana Yagushi, analista do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado.
Nas contas do Deral, os paranaenses já comprometeram 48% da primeira safra de milho e 4% da safrinha, abaixo dos 55% e dos 7% de um ano atrás. A diferença é ainda mais significativa quando se compara com a média dos últimos três anos, de 63% para a primeira safra e 8% para a segunda. A expectativa do Deral é que o Estado colha 15,24 milhões de toneladas de milho em 2013/14, sendo 5,30 milhões na primeira safra e 9,94 milhões na safrinha.
Conforme Juliana, houve um aumento no volume comercializado no mercado disponível nos últimos 10 dias, mas no mercado futuro a situação é mais crítica. “O produtor de milho está mesmo sem opção de venda da safrinha. Os compradores diminuíram a procura, certos de que farão aquisições mais em conta em breve”, afirma. Além da oferta da nova safra, há 10% da safrinha de 2013 (cerca de um milhão de toneladas) que ainda não foram vendidas no Paraná. No ano passado, a comercialização da safrinha de 2012 estava concluída no início de abril no Estado. Muitos agricultores ainda se apegam à possibilidade de que haja algum distúrbio climático nas próximas semanas, conta a analista do Deral. “O tempo está um pouco seco no norte do Paraná e sempre há risco de geadas em junho”.
Em Mato Grosso, que lidera a produção de milho no país, a safrinha passada já foi totalmente negociada, enquanto 21% da que será colhida este ano está comprometida, apenas 0,2 ponto percentual aquém de um ano atrás, segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). O Estado concentra a produção de milho na segunda safra e a expectativa é de uma colheita de 15,4 milhões de toneladas. Mas, nas contas da consultoria Safras & Mercado, o atraso em Mato Grosso é maior. “Estimamos que 22% da produção esteja comercializada, bem inferior aos mais de 50% no mesmo intervalo de 2013”, diz Molinari.
Na avaliação de Ariel Encide, da Diversa Corretora de Cereais, situada em Rondonópolis (MT), as quedas acumuladas pelo milho nas últimas duas semanas na bolsa de Chicago têm colaborado para acentuar a morosidade nas vendas do grão no Estado. “Hoje, a saca está cotada a R$ 17 por saca na nossa região, mas o produtor está querendo de R$ 20 para cima”, diz.
Conforme Encide, as vendas de milho em Mato Grosso estão bem distribuídas entre exportação e mercado interno – embora, nas contas do corretor, encaminhar o grão para o exterior esteja mais vantajoso no momento. “O preço com base no porto de Paranaguá está em R$ 27,50 por saca, e em Santos, R$ 28”, diz.
Cotação semanal
Dados referentes a semana 22/11/2024
Suíno Independente kg vivo
R$ 9,53Farelo de soja à vista tonelada
R$ 71,50Casquinha de soja à vista tonelada
R$ 1.200,00Milho Saca
R$ 1.975,00Preço base - Integração
Atualizado em: 07/11/2024 17:50