Suinocultura

Senecavírus tipo A continua a circular no Brasil

23 de janeiro de 2019
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Nos últimos meses de 2018 foram identificados alguns casos de Senecavírus tipo A em suínos dos Estados de São Paulo, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Segundo a diretora Técnica Comercial da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Charlli Ludtke, os testes laboratoriais foram realizados no final de 2018. Foram observados suínos com lesões suspeitas de doenças vesiculares de notificação obrigatória, como, por exemplo, febre aftosa, doença vesicular dos suínos, exantema vesicular dos suínos e a estomatite vesicular.

Os testes, que foram realizados pelo Laboratório Nacional da Agricultura e Pecuária (Lanagro), constataram não se tratar de doenças de notificação obrigatória, mas sim do Senecavírus tipo A. “Se observou novamente a circulação do vírus, provavelmente o vírus estava circulante e pela baixa imunidade do rebanho se manifestou com o quadro clínico”, explica Charlli.

De acordo com o comunicado divulgado ao Centro de Informação de Saúde Suínos (SHIC na sigla em inglês), a maioria dos casos ocorreu em locais de terminação. As lesões vesiculares eram geralmente muito severas, como cascos completamente separados, e a cicatrização atrasava, às vezes levando mais de 10 semanas. Há relatos de locais de partos com taxas de mortalidade de leitões próximos a 30%.

Charlli explica que não se tem comprovação da origem do vírus no Brasil. As primeiras notificações foram realizadas nos Estados Unidos, entre 1988 e 2002, e associadas a cultivo celular. Posteriormente, foi diagnosticada no Brasil em 2014. “Nós ainda estamos aprendendo sobre este vírus, sendo muito importante olhar para o que podemos fazer quanto a limpeza e desinfecção nas granjas, cuidados com os caminhões e embalagens que circulam entre granjas, certificando que não está sendo disseminado o agente viral”, completa.

A diretora da ABCS também informou que os surtos ocasionados no Brasil geraram impacto negativo, principalmente nos parâmetros produtivos. “Morbidade variando entre 0,5% e 5% para creche e de 5 a 30% para suínos terminação, e com baixa mortalidade, pois os animais adultos se recuperam após o aparecimento dos sinais clínicos”.

Manifestações clínicas

Quando o suíno é infectado com o Senecavírus, os sinais clínicos são diarreia, apatia, salivação excessiva e mortalidade de leitões nas primeiras semanas.

Suínos de terminação e reprodutores apresentam anorexia, letargia e febre. “É muito comum haver o aparecimento de lesões vesiculares similar a aftas, preenchidas com fluido, ou rompidas, que se apresentam como úlceras epiteliais na cavidade oral, focinho e nas extremidades dos membros, principalmente na parede do casco e almofada plantar”, explica Charlli.

Com o aparecimento de lesões se observa a dificuldade dos suínos de se locomover, assim como redução da ingestão de alimentos, acarretando menor ganho de peso diário dos animais.

Deve-se realizar o diagnóstico laboratorial em caso de suspeita, e assim realizar a investigação de outros agentes causadores de doenças vesiculares, que são de notificação obrigatória, como a febre aftosa, doença vesicular dos suínos, doença exantemática dos suínos e estomatite.

Cuidados e prevenção

A diretora da ABCS explica que há várias ações que podem ser implementadas para prevenção nas granjas, como aumentar a vigilância com monitoramento diário do produtor para os sinais clínicos da doença. Havendo suspeita, chamar o médico veterinário responsável, ou a inspetoria veterinária mais próxima para realizar a investigação e determinar se é necessário coletar amostra para a realização do diagnóstico laboratorial.

Segundo ela, outras ações de prevenção são essenciais como reforçar os procedimentos de biosseguridade, limpeza e desinfecção das instalações e equipamentos, veículos que transitam no local, restrição no trânsito dos veículos que circulam entre granjas para o transporte de animais e ração.

Outro cuidado que o produtor deve ter é na hora da aquisição de animais. Estes devem ser provenientes de Granjas de Reprodutores de Suínos Certificados (GRSC) e que sejam preferencialmente negativas para o Senecavirus, além de realização de quarentena antes de introduzir novos animais nas granjas;

“Por ser uma doença viral que acomete os suínos que estão com a imunidade baixa, importante intensificar os cuidados no manejo (boas práticas e gestão da mão de obra), proporcionar um melhor grau de bem-estar nas instalações a fim de garantir a sanidade do rebanho suinícola”, finaliza.

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