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‘-SOJA: COMISSÃO DEFINE ALTERAÇÕES NO VAZIO SANITÁRIO EM GOIÁS

9 de outubro de 2014
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Porto Alegre, 09 de outubro de 2014 – Com o objetivo de definir os
critérios para realização do vazio sanitário da soja em Goiás, a Comissão
de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Federação da Agricultura e Pecuária de
Goiás (Faeg) se reuniu nesta semana com toda a cadeia produtiva.

O principal ponto de discussão diz respeito à permissão de plantio
para pesquisa científica e melhoramento genético durante o período de vazio
sanitário. Isto porque a prática tem aumentado o número de inóculo da
ferrugem em algumas regiões do estado.

Além de diretores e técnicos da Federação, participaram também do
encontro representantes dos Sindicatos Rurais, Caramuru Alimentos, Agência
Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), Monsanto, Monsoy, Nidera Sementes,
Agro Safra, Ouro Branco Agronegócios, Dupont Pioneer, Secretaria de Estado de
Agricultura, Pecuária e Irrigação (Seagro), Aprosoja Goiás, Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fundo de Incentivo à Cultura do
Algodão (Fialgo) e Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento
(Mapa).

A reunião foi conduzida por Bartolomeu Braz, vice-presidente
institucional da Faeg e presidente da Aprosoja Goiás e o produtor rural Flávio
Faedo, presidente da Comissão. O principal objetivo de reunir toda a cadeia
produtiva no encontro foi de encontrar um consenso em relação às propostas
apresentadas, com a finalidade única de eliminar a ferrugem asiática das
plantações e garantir maior segurança aos produtores.

Bartolomeu acredita que na última safra os prejuízos por ferrugem
asiática foram tão significativos quanto perdas causadas pela seca em Goiás.
“O Centro-Oeste brasileiro tem o benefício de ter condições de plantio
durante todo o ano, mas isso nos traz também efeitos negativos, pois aumenta a
pressão de pragas e doenças em nossas lavouras. Ainda assim conseguimos
médias de produtividade invejáveis. Não podemos colocar tudo isso a
perder”, defende Bartolomeu.

Para Flávio Faedo é preciso ponderar todas as necessidades e ele
defende que, neste momento, avançar com cautela pode ser a melhor opção.
“Sabemos da necessidade de novas variedades, mas o sistema atual tem causado
prejuízos. Precisamos encontrar uma forma de aliar o desenvolvimento de novas
cultivares com a preservação do vazio sanitário. De que adianta novas
variedades se não conseguimos acabar com a ferrugem?”, questiona.

Prejuízos elevados

A ferrugem asiática, mesmo sendo uma doença já tradicional nos cultivos
em nosso estado, teve seus prejuízos agravados nas últimas safras. Isto se
deve principalmente ao fato de que os produtos químicos utilizados no controle
desta doença estão perdendo eficiência, o que exige um manejo cultural da
doença durante todo o ano.

O diretor da Aprosoja Goiás, Aredson Andrade, afirmou que começar a
safra com inóculos de ferrugem dentro das principais regiões produtoras gera
prejuízos muito significativos. “Temos que avaliar o real tamanho do problema
para nosso estado. Se chegarmos, por exemplo, a um prejuízo de 30%, como
verificamos em algumas lavouras neste ano, equivale a um prejuízo bilionário.
O problema é muito maior do que estamos discutindo”, completou.

Além do debate sobre as áreas de pesquisa que estão sendo plantadas no
período de vazio, as alterações na instrução normativa também abordam
importantes pontos que visam a mitigação dos efeitos negativos da ferrugem.
Entre eles podemos destacar a eliminação de plantas “tigueras”, a
proibição de plantio de soja na safrinha, o controle de “tigueras” em
beiras de rodovias e o transporte de soja após a colheita.

Pressão de seleção

“A situação hoje é muito delicada no estado, pois o inóculo de
ferrugem em áreas de semente ou de soja safrinha já sofreu pressão de
seleção, o que aumenta a resistência contra os defensivos. Se não
utilizarmos medidas alternativas e eficientes, nos próximos anos não teremos
mais produtos com alta eficiência. Nosso principal objetivo deve ser começar a
safra sem presença de inóculos de ferrugem”, pontuou Dr. Maurício Meyer,
pesquisador da Embrapa.

Gerente de Pesquisa e Produção do Centro Tecnológico de Pesquisas
Agropecuárias (CTPA), José Nunes, concordou com Maurício e acredita que não
há outra saída para a eliminação da praga, além do manejo. “Não existe
ferramenta mais eficiente que o vazio sanitário. Hoje o limite é de 60 dias,
mas usamos 90 para termos mais segurança. É preciso avaliar perdas e
ganhos”, finalizou.

Pesquisa e melhoramento genético deverão se adequar

O maior impasse entre as novas propostas foi a de deslocamento dos
programas de melhoramento genético para o Norte do estado. Os produtores rurais
acreditam que esta medida contribuirá para diminuir os inóculos nas
principais regiões produtoras mas as empresas de pesquisa alegam que inviável
transferir os projetos para esta região.

Isto porque toda a estrutura destas empresas já está estabelecida no Sul
do estado e não plantar no vazio sanitário interrompe o ciclo de cultivo,
diminuindo a velocidade de avanço de gerações de novas cultivares.

“Hoje somos a terceira ou quarta empresa que mais lança cultivares de
soja do Rio Grande do Sul ao Maranhão. Alguns chegam a aumentar a produtividade
em até 50%. Não queremos, de forma alguma, retirar a empresa de Goiás. Mas
não é possível seguir o vazio e assim, não vemos outra forma”, completou
Claudiomir Abatti, da Monsoy. Cláudio Godoi, gerente de pesquisa da Nidera
Sementes e Enio Duarte, supervisor de regulação da Dupont Pionner também
concordaram com o posicionamento. As informações partem da assessoria de
comunicação da Faeg.

Revisão: Carine Lopes (carine@safras.com.br)/ Agência SAFRAS

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